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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 9 • 363<br />

<strong>de</strong> alguma forma se fizera suspeito – até mesmo para os próprios<br />

domésticos da fé – <strong>de</strong> ensiná-los a apostatarem <strong>de</strong> Moisés, então<br />

ele prepara a mente <strong>de</strong> seus leitores, à guisa <strong>de</strong> preâmbulo, antes<br />

<strong>de</strong> entrar na discussão <strong>de</strong> seu tema proposto. Neste preâmbulo, ele<br />

se <strong>de</strong>svencilha da falsa suspeita <strong>de</strong> ser hostil para com os ju<strong>de</strong>us.<br />

Visto que o tema carecia do apoio <strong>de</strong> um juramento, e visto que ele<br />

percebia que sua afirmação, em contrapartida, dificilmente seria<br />

crível em razão da opinião negativa que já haviam concebido sobre<br />

ele, então jura estar falando a verda<strong>de</strong>.<br />

Esse, e exemplos afins (como já lembrei a meus leitores no primeiro<br />

capítulo), <strong>de</strong>vem ensinar-nos que os juramentos são lícitos,<br />

ou, seja: aqueles que tornam uma verda<strong>de</strong> aceita, cujo conhecimento<br />

se faz proveitoso e que <strong>de</strong> outra forma não seria crida.<br />

A expressão em Cristo significa segundo Cristo. 2 Ao acrescentar:<br />

não minto, ele afirma que está falando sem falsida<strong>de</strong> nem dissimulação.<br />

Testemunhando comigo minha própria consciência. Com<br />

estas palavras, ele cita sua própria consciência diante do tribunal<br />

divino, visto que invoca o Espírito Santo como testemunha <strong>de</strong><br />

sua <strong>de</strong>claração. Ele insere o nome do Espírito com o propósito <strong>de</strong><br />

testificar mais plenamente <strong>de</strong> que era isento e puro <strong>de</strong> qualquer<br />

sentimento pervertido <strong>de</strong> má intenção, e que se pusera em <strong>de</strong>fesa<br />

da causa <strong>de</strong> Cristo sob a direção e orientação do Espírito <strong>de</strong> Deus.<br />

Uma vez estando cegos pelos afetos da carne, os homens com<br />

2 “I<strong>de</strong>m valet ac secundum Christum – é o mesmo que segundo Cristo”; “λέγω ἐν Χριστῳ – Eu<br />

falo em Cristo”, isto é, como um cristão; estar em Cristo e ser um cristão é a mesma coisa.<br />

Esta idéia apoia a substância da passagem mais que qualquer outra. É como se ele dissesse:<br />

“Ainda que eu esteja em Cristo ou seja um cristão, todavia lhes digo isso como a verda<strong>de</strong><br />

ou o fato, e tenho o testemunho da consciência iluminada pelo Espírito, <strong>de</strong> que tenho<br />

profunda tristeza e incessante dor por sua causa.” Os ju<strong>de</strong>us tinham a impressão <strong>de</strong> que<br />

o apóstolo, havendo se tornado um seguidor <strong>de</strong> Cristo, teria ncessariamente nutrido ódio<br />

por eles, e portanto não tinha nenhuma preocupação por eles; pois este é realmente o caso<br />

com todos os apóstatas reais, ou, seja, com aqueles que abandonaram a verda<strong>de</strong> pelo erro,<br />

porém não com aqueles que abandonam o erro pela verda<strong>de</strong>. Obviar esta impressão parece<br />

ter sido o objetivo aqui. Como a idéia <strong>de</strong> um juramento se harmoniza com o que se segue é<br />

difícil dizer. Não é um argumento dizer que ἐν aqui significa o mesmo que em Mateus 5.34,<br />

on<strong>de</strong> segue o verbo ‘jurar’. Há uma passagem semelhante a esta em Efésios 4.17; mas ἐν<br />

κυρίῳ ali claramente significa “pela autorida<strong>de</strong> do Senhor”. Podíamos acrescentar que jurar<br />

por Cristo não teria tido nenhuma influência sobre os ju<strong>de</strong>us.

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