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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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388 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Na opinião <strong>de</strong> alguns intérpretes, estas palavras foram expressas<br />

na pessoa do ímpio. Contudo, tal coisa nada contém <strong>de</strong> plausível. Seria<br />

consistente torcer textos da Escritura, nos quais a justiça divina é<br />

proclamada, com o propósito <strong>de</strong> censurá-lo com tirania? Além disso,<br />

seria provável que Paulo houvesse permitido que a Escritura fosse<br />

tratada com grosseiro <strong>de</strong>sdém, quando po<strong>de</strong>ria pronta e facilmente<br />

ter refutado seus oponentes? Mas estes são meios <strong>de</strong> escape dos<br />

quais se apo<strong>de</strong>ram aqueles que me<strong>de</strong>m este incomparável mistério<br />

divino por seus próprios critérios, tacanhos e confusos. A seus <strong>de</strong>licados<br />

e sensíveis ouvidos, esta doutrina era por <strong>de</strong>mais dissonante<br />

para ser consi<strong>de</strong>rada digna do apóstolo. E ter-lhes-ia sido mais proveitoso<br />

se sujeitassem sua obstinação à obediência do Espírito, a<br />

fim <strong>de</strong> não virem a ser tão lamentavelmente contaminados por suas<br />

próprias e grosseiras mentiras.<br />

17. Porque a Escritura diz a Faraó. Paulo, então, chega à segunda<br />

parte, ou seja: a rejeição do ímpio. Visto haver aqui, aparentemente,<br />

certo fator menos racional, ele se empenha muito mais a esclarecer<br />

como Deus, ao rejeitar a quem ele quer, não só permanece irrepreensível,<br />

mas também permanece excelsamente maravilhoso em sua<br />

sabedoria e retidão. O apóstolo, pois, extrai seu texto-prova <strong>de</strong> xodo<br />

9.16, on<strong>de</strong> o Senhor <strong>de</strong>clara que foi ele mesmo quem levantou Faraó<br />

-se em concedê-la e em vão Esaú correu em busca <strong>de</strong> churrasco para seu pai; nem a<br />

vonta<strong>de</strong> do pai nem a pressa do filho tiveram algum proveito. O favor <strong>de</strong> Deus subjugou a<br />

todos.” Mas o tema em pauta é a soberania <strong>de</strong> Deus na manifestação <strong>de</strong> seu favor e graça.<br />

Esaú foi apenas um tipo dos ju<strong>de</strong>us incrédulos, quando o evangelho foi proclamado, bem<br />

como dos milhares que também são cristãos nominais. Há alguma sorte <strong>de</strong> ‘querer’ e<br />

uma gran<strong>de</strong> medida <strong>de</strong> ‘correr’, e no entanto a bênção não é alcançada. Houve muito <strong>de</strong><br />

aparente querer e correr no estrito formalismo e zelo do farisaísmo, e há muito do mesmo<br />

tempo ainda nas austerida<strong>de</strong>s e culto mecânico <strong>de</strong> superstição, e também nos esforços<br />

e <strong>de</strong>voções da autojustiça. A palavra ou a vonta<strong>de</strong> revelada <strong>de</strong> Deus é em todos esses<br />

exemplos mal-entendida e negligenciada.<br />

A ‘disposição’ <strong>de</strong> Isaque em dar a bênção a Esaú, não obstante anúncio feito em seu<br />

nascimento, e a conduta <strong>de</strong> Rebeca em assegurá-la a Jacó, são singulares exemplos das<br />

imperfeições humanas e do irresistível po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus. Isaque agiu como se houvera esquecido<br />

o que Deus expressara como sendo sua vonta<strong>de</strong>; e Rebeca agiu como se Deus<br />

não pu<strong>de</strong>sse efetuar seu propósito sem a interferência <strong>de</strong>la, e uma interferência também<br />

<strong>de</strong> uma forma muitíssimo imprópria e pecaminosa. Era a prova da fé, e a fé <strong>de</strong> ambos<br />

excessivamente claudicante; mesmo assim o propósito <strong>de</strong> Deus se cumpriu, porém <strong>de</strong><br />

maneira imprópria, quando ela foi mais tar<strong>de</strong> visitada pelo <strong>de</strong>sprazer <strong>de</strong> Deus.

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