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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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208 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

consolação. No entanto, <strong>de</strong> repente ele restaura à vida aqueles<br />

a quem quase submergira nas <strong>de</strong>nsas trevas da morte. Então a<br />

afirmação <strong>de</strong> Paulo é sempre cumprida neles: “Em tudo somos<br />

atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não <strong>de</strong>sanimados;<br />

perseguidos, porém não <strong>de</strong>samparados; abatidos, porém<br />

não <strong>de</strong>struídos” [2Co 4.8,9].<br />

A tribulação produz a paciência. Este não é o efeito natural da<br />

tribulação, a qual, como já vimos, leva uma gran<strong>de</strong> porção do gênero<br />

humano a murmurar contra Deus, e até mesmo a amaldiçoá-lo. Mas<br />

quando aquela submissão interior que é infundida pelo Espírito <strong>de</strong><br />

Deus, e aquela consolação, que é comunicada pelo mesmo Espírito,<br />

assumem o lugar <strong>de</strong> nossa obstinação, então as tribulações, as quais<br />

na teimosia só po<strong>de</strong>m produzir indignação e <strong>de</strong>scontentamento,<br />

tornam-se meios <strong>de</strong> gerar a paciência.<br />

4. E a paciência, a experiência. Num clímax similar, Tiago<br />

aparentemente segue uma or<strong>de</strong>m invertida, pois ele diz que a experiência<br />

produz a paciência. Entretanto, conciliaremos as duas se<br />

enten<strong>de</strong>rmos que o significado dos termos é diferente. Paulo quer<br />

dizer pelo termo provação a experiência que os cristãos têm da<br />

proteção garantida <strong>de</strong> Deus, quando, confiando em seu auxílio, suplantam<br />

todas as dificulda<strong>de</strong>s. Mantendo-se firmes e suportando tudo<br />

pacientemente, experimentam a resistência do po<strong>de</strong>r do Senhor que<br />

prometeu estaria sempre presente no seio <strong>de</strong> seu povo. Tiago usa o<br />

mesmo termo no sentido <strong>de</strong> tribulação propriamente dita, segundo<br />

o uso comum da Escritura, visto que, por meio das tribulações, Deus<br />

prova e julga seus servos – por isso, tribulações são também com<br />

freqüência chamadas tentações. 3<br />

3 A palavra em Tiago é δοκίμιον, enquanto aqui é δοκιμὴ. A primeira significa um teste ou<br />

o ato <strong>de</strong> testar – provação; e a segunda, o resultado do teste: experiência, e é traduzida<br />

em nossa versão ‘prova’ [2Co 2.9]; ‘experiência’ [2Co 9.13]; ‘provação’ [2Co 8.2], que<br />

equivale a experiência. Beza diz que a primeira mantém com a segunda uma relação<br />

similar como a mantém a causa com o efeito. Uma coisa é o teste ou provação; e outra é<br />

a experiência que daí se adquire.<br />

A palavra é aqui traduzida não mui inteligivelmente – ‘provação’ –, tanto por Macknight<br />

quanto por Stuart; mas bem corretamente – ‘experiência’ – por Beza e Doddridge.

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