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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 7 • 297<br />

Esta passagem <strong>de</strong> Paulo é digna <strong>de</strong> nota no que serve para<br />

<strong>de</strong>struir toda a glória da carne. Ela nos ensina que mesmo os mais<br />

perfeitos estão sujeitos à miséria enquanto habitam na carne, porquanto<br />

se acham entregues à morte. Deveras, quando se examinam<br />

<strong>de</strong>tidamente, não encontram nada em sua própria natureza senão<br />

miséria. Além do mais, o apóstolo os incita, através <strong>de</strong> seu próprio<br />

exemplo, a clamarem com ansieda<strong>de</strong> e dor, procurando impedi-los<br />

<strong>de</strong> caírem na apatia, e os proíbe <strong>de</strong> buscarem a morte, ao longo <strong>de</strong><br />

sua permanência neste mundo, como se esta fosse o único remédio<br />

para os seus males. Este é o objetivo correto <strong>de</strong> se <strong>de</strong>sejar a morte. O<br />

<strong>de</strong>sespero às vezes leva os profanos ao mesmo <strong>de</strong>sejo, só que erram<br />

em buscar a morte se são motivados apenas pelo enfado <strong>de</strong> sua presente<br />

vida, e não porque se sintam enojados <strong>de</strong> suas iniqüida<strong>de</strong>s. É<br />

preciso adicionar ainda que, embora os crentes olhem para o genuíno<br />

alvo, contudo, ao suspirarem pela morte, não são arrebatados por<br />

<strong>de</strong>scontrolada paixão, e, sim, se submetem à vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, em<br />

função <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>vemos viver ou morrer. Por esta razão, não se <strong>de</strong>ixam<br />

dominar <strong>de</strong> indignação contra Deus, senão que, humil<strong>de</strong>mente,<br />

recostam em seu seio e aí <strong>de</strong>positam suas ansieda<strong>de</strong>s, porquanto<br />

não se <strong>de</strong>moram em meditar sobre sua miséria sem temperar suas<br />

tristezas com regozijo, recordando daquela graça que já receberam.<br />

Percebemos isto claramente na frase que se segue.<br />

25. Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. O apóstolo,<br />

pois, imediatamente adiciona esta ação <strong>de</strong> graças com o fim <strong>de</strong> evitar<br />

que alguém concluísse que ele estivesse renitentemente murmurando<br />

contra Deus em suas queixas. É <strong>de</strong> nossa experiência quão facilmente<br />

suce<strong>de</strong>, mesmo naquelas tristezas que merecemos, <strong>de</strong> cairmos<br />

em profundo <strong>de</strong>scontentamento ou impaciência. Portanto, ainda<br />

que Paulo lamente seu estado e suspire por sua partida, ao mesmo<br />

tempo confessa que repousa na graça <strong>de</strong> Deus. Ao fazerem um <strong>de</strong>tido<br />

chamado o “corpo do pecado”, quando seu caráter é <strong>de</strong>scrito, e o “corpo <strong>de</strong> morte”,<br />

quando o resultado ao qual ele conduz está em pauta: ele conduz à morte, à con<strong>de</strong>nação<br />

e à miséria.

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