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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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344 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

que os crentes foram eleitos para a santificação do Espírito segundo<br />

a presciência divina [1Pe 1.2]. Aqueles, pois, a quem me refiro aqui,<br />

tolamente concluem que Deus não elegeu a ninguém senão àqueles<br />

a quem previu seriam dignos <strong>de</strong> sua graça. Pedro não incensa os<br />

crentes como se fossem todos eles eleitos segundo seus méritos pessoais,<br />

senão que, ao remetê-los ao eterno conselho <strong>de</strong> Deus, <strong>de</strong>clara<br />

que estão todos inteiramente privados <strong>de</strong> qualquer dignida<strong>de</strong>. Nesta<br />

passagem, Paulo também reitera, em outras palavras, as afirmações<br />

que já havia feito concernentes ao propósito divino. Segue-se disto<br />

que este conhecimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do beneplácito divino, visto que,<br />

ao adotar aqueles a quem ele quis, Deus não teve qualquer conhecimento<br />

antecipado das coisas fora <strong>de</strong> si mesmo, senão que <strong>de</strong>stacou<br />

aqueles a quem propôs eleger.<br />

O verbo προoρίζειν, que é traduzido por pre<strong>de</strong>stinar, aponta para<br />

as circunstâncias <strong>de</strong>sta passagem em pauta. O apóstolo quer dizer<br />

simplesmente que Deus <strong>de</strong>terminara que todos quantos adotasse<br />

levariam a imagem <strong>de</strong> Cristo. Não diz simplesmente que <strong>de</strong>veriam<br />

ser conformados a Cristo, e, sim, à imagem <strong>de</strong> Cristo, com o fim <strong>de</strong><br />

ensinar-nos que em Cristo há um vivo e nítido exemplo que é posto<br />

diante dos filhos <strong>de</strong> Deus para que imitem. A súmula da passagem<br />

consiste em que a graciosa adoção, na qual nossa salvação consiste,<br />

é inseparável <strong>de</strong>ste outro <strong>de</strong>creto, a saber: que ele nos <strong>de</strong>signou para<br />

que levemos a cruz. Ninguém po<strong>de</strong> ser her<strong>de</strong>iro do reino celestial<br />

on<strong>de</strong> se diz que os <strong>de</strong>stinatários do Apóstolo eram eleitos “segundo a presciência <strong>de</strong><br />

Deus, κατὰ πρόγνωσιν θεου̑, pela santificação do Espírito para obediência”; não foram, pois,<br />

eleitos segundo a presciência ou preor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Deus por causa <strong>de</strong> sua obediência. Isso<br />

subverte inteiramente a glosa posta sobre o verbo nesta passagem.<br />

O significado usual dado ao verbo aqui é pré-aprovado ou escolhido. Grotius, Turrettin e<br />

outros consi<strong>de</strong>ram que γινώσκω tem o mesmo significado que o verbo dy, em hebraico,<br />

que é às vezes aquele <strong>de</strong> aprovar ou favorecer, ou consi<strong>de</strong>rar com amor e aprovação.<br />

Assim o verbo composto po<strong>de</strong> ser traduzido aqui “a quem ele pré-aprovou, ou pré-conheceu”,<br />

como os objetos <strong>de</strong> sua escolha. E esta idéia é a única que concorda com o restante<br />

da passagem.<br />

Stuart prefere outro significado, e aquele que parece ter em 1 Pedro 1.20: ‘preor<strong>de</strong>nados’.<br />

Ele diz que γινώσκω às vezes significa querer, <strong>de</strong>terminar, or<strong>de</strong>nar, <strong>de</strong>cretar e apresenta<br />

exemplos <strong>de</strong> Josefo, Plutarco e Políbios. Então o verbo composto seria aqui “a quem ele<br />

preor<strong>de</strong>nou”, ou pre<strong>de</strong>rminou.

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