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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 4 • 189<br />

substância da fé <strong>de</strong> Abraão, consiste em prover uma transição para os<br />

gentios a partir <strong>de</strong> seu exemplo. Abraão tinha que alcançar a promessa<br />

que ouvira da boca do Senhor <strong>de</strong> forma tão inusitada, já que não<br />

houve nenhum sinal da promessa. A ele fora feita a promessa <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>scendência, como se estivesse virilmente em pleno vigor. Entretanto,<br />

tinha-lhe passado o tempo <strong>de</strong> procriação, portanto era-lhe indispensável<br />

que elevasse seus pensamentos para o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus a fim <strong>de</strong> que<br />

<strong>de</strong>sse vida ao morto. Não há, pois, nenhum absurdo se os gentios, que<br />

<strong>de</strong> outra forma são estéreis e mortos, são conduzidos à comunhão.<br />

Aqueles que negam que os gentios são capazes <strong>de</strong> obter a graça estão<br />

imputando erro a Abraão, cuja fé era sustentada pela convicção <strong>de</strong> que<br />

não faz qualquer diferença se aqueles que são chamados à vida, pelo<br />

Senhor, estão ou não mortos. Pois seu po<strong>de</strong>r po<strong>de</strong>, sem qualquer dificulda<strong>de</strong>,<br />

ressuscitar o que está morto, simplesmente com uma palavra <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>m. Além do mais, temos aqui o tipo e padrão <strong>de</strong> nosso chamamento<br />

geral, pelo qual nosso ponto <strong>de</strong> partida inicial é posto diante <strong>de</strong> nossos<br />

olhos (não aquele que se relaciona com nosso primeiro nascimento,<br />

mas aquele que se relaciona com a esperança da vida por vir), isto é,<br />

quando somos chamados por Deus, saímos do nada. Seja qual for o<br />

caráter que pareçamos possuir, o fato é que não temos uma fagulha<br />

sequer <strong>de</strong> bem que nos faça qualificados para o reino <strong>de</strong> Deus. A única<br />

maneira <strong>de</strong> ouvirmos o chamado <strong>de</strong> Deus é morrendo completamente<br />

para nós mesmos. A condição <strong>de</strong> nosso divino chamamento consiste<br />

em que os mortos sejam ressuscitados pelo Senhor, e os que nada são<br />

comecem, pelo divino po<strong>de</strong>r, a ser alguma coisa.<br />

E chama à existência as coisas que não existiam. O termo vocação<br />

[chamamento] não <strong>de</strong>ve restringir-se à pregação, mas é preciso<br />

consi<strong>de</strong>rar o sentido usual da Escritura, ou, seja: ressuscitar <strong>de</strong>ntre<br />

os mortos. É que o termo expressa muito mais fortemente o po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> Deus que, com um só gesto, ressuscita aqueles que ele quer. 15<br />

15 A idéia <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nar a existência ou <strong>de</strong> efetuar é dada por muitos comentaristas à palavra<br />

καλου̑ντος; mas isso parece <strong>de</strong>snecessário. A noção simples <strong>de</strong> chamar, nomear, consi<strong>de</strong>rar<br />

ou representar é mais consistente com a passagem e com a construção da sentença; e<br />

os modos <strong>de</strong> traduzi-la, que os críticos têm proposto, tem surgido <strong>de</strong> não tomar a palavra<br />

em seu significado mais óbvio. A versão literal é: “e que chama as coisas não existentes

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