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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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462 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

fim <strong>de</strong> que não suce<strong>de</strong>sse que não fossem também poupados.<br />

Minha resposta consiste nisto: visto que esta exortação aponta<br />

para a domesticação da carne, a qual é sempre insolente até<br />

mesmo nos filhos <strong>de</strong> Deus, contudo ela <strong>de</strong> forma alguma nada<br />

<strong>de</strong>trai daquela certeza <strong>de</strong> fé. Devemos particularmente observar<br />

e recordar do que já afirmei, ou, seja: que as observações<br />

do apóstolo se dirigem, não tanto ao indivíduo, mas a todo o<br />

corpo dos gentios. Entre estes era provável encontrar muitos<br />

que se achavam ensoberbecidos sem qualquer razão plausível,<br />

professando fé em vez <strong>de</strong> possuir fé. Em razão <strong>de</strong>ste fato, Paulo<br />

ameaça os gentios com o corte, e não sem sobejas razões, como<br />

veremos novamente mais adiante.<br />

21. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais. Este é<br />

um argumento muitíssimo po<strong>de</strong>roso, porquanto reprime toda e<br />

qualquer confiança excessiva. Não <strong>de</strong>vemos jamais refletir sobre<br />

a rejeição dos ju<strong>de</strong>us sem sentir profunda consternação e pavor. A<br />

única coisa que causou sua ruína foi seu <strong>de</strong>scaso do juízo divino,<br />

por sua impon<strong>de</strong>rada negligência daquela dignida<strong>de</strong> que haviam<br />

granjeado. Não foram poupados, não obstante serem eles ramos<br />

naturais. E o que será feito <strong>de</strong> nós, que não passamos <strong>de</strong> ramos<br />

silvestres e alienados, caso venhamos a portar-nos <strong>de</strong> forma<br />

insolente? Todavia, esta reflexão nos leva a não escudar-nos em<br />

nós mesmos e a apegar-nos com gran<strong>de</strong> ousadia e tenacida<strong>de</strong> à<br />

benevolência divina.<br />

Isso prova claramente, uma vez mais, que Paulo está falando<br />

aqui, em termos gerais, da agremiação dos gentios; porquanto não<br />

é possível aplicar a ruptura que ele menciona a indivíduos, cuja<br />

eleição é imutável, já que a mesma se acha radicada no eterno propósito<br />

<strong>de</strong> Deus. O apóstolo, pois, <strong>de</strong>clara que os gentios pagarão<br />

um elevado preço por seu orgulho, caso venham eles a insultar os<br />

ju<strong>de</strong>us, já que Deus reconciliará novamente consigo aquele mesmo<br />

povo do qual havia se divorciado.

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