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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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218 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Entrou o pecado no mundo. Notemos a or<strong>de</strong>m que ele segue<br />

aqui. Diz que o pecado veio antes, e que a morte veio em seguida.<br />

Certos intérpretes <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a tese <strong>de</strong> que tal foi nossa ruína em<br />

conseqüência do pecado <strong>de</strong> Adão, que perecemos, não por alguma<br />

culpa propriamente nossa, mas simplesmente como se ele tivesse<br />

pecado por nós. Paulo, contudo, expressamente afirma que o pecado<br />

atingiu a todos os que sofrem o castigo <strong>de</strong>vido ao pecado. Insiste<br />

<strong>de</strong> forma ainda mais enfática quando logo a seguir aponta a razão<br />

por que toda a progênie <strong>de</strong> Adão está sujeita ao domínio da morte.<br />

É porque todos nós pecamos. Pecar, como o termo é usado aqui, é<br />

ser corrupto e viciado. A <strong>de</strong>pravação natural que trazemos do ventre<br />

<strong>de</strong> nossa mãe, embora não produza seus frutos imediatamente, é,<br />

não obstante, pecado diante <strong>de</strong> Deus, e merece sua punição. Isto é<br />

o que se chama pecado original. Assim como Adão, em sua criação<br />

primitiva, recebeu tanto para sua progênie quanto para si mesmo os<br />

dons da divina graça [divinae gratiae dotes], também, ao rebelar-se<br />

contra o Senhor, inerentemente corrompeu, viciou, <strong>de</strong>pravou e arruinou<br />

nossa natureza – tendo perdido a imagem <strong>de</strong> Deus [abdicatus<br />

a Dei similitudine], e a única semente que po<strong>de</strong>ria ter produzido era<br />

aquela que traz a semelhança consigo mesmo [sui simile]. Portanto,<br />

todos nós pecamos, visto que nos achamos saturados da corrupção<br />

natural, e por esta razão somos ímpios e perversos. A tentativa dos<br />

pelagianos, nos dias <strong>de</strong> outrora, <strong>de</strong> esquivar-se das palavras <strong>de</strong> Paulo,<br />

dizendo que não passou <strong>de</strong> uma frivolida<strong>de</strong> enganosa o ensino <strong>de</strong> que<br />

o pecado provindo da imitação <strong>de</strong> Adão se esten<strong>de</strong>u a toda a raça<br />

humana, visto que nesse caso Cristo teria sido apenas um exemplo e<br />

não a causa da justiça. Além do mais, a inferência é igualmente clara<br />

<strong>de</strong> que Paulo não está tratando, aqui, com o pecado atual, pois se<br />

cada pessoa fosse responsável por sua própria culpa, por que então<br />

do outro. E esta sentença faz com que o contexto siga até o final do versículo 19. Tendo<br />

antes se reportado ao estado <strong>de</strong> coisas antes da ‘lei’, nos dois versículos restantes ele se<br />

reporta ao procedimento da lei em seu tema, e mostra que há em Cristo uma abundante<br />

provisão pelo aumento do pecado ocasionado pela lei.<br />

Tão abundante é a graça, que é plenamente suficiente para remover o pecado original, os<br />

pecados atuais – seus frutos – e os pecados <strong>de</strong>scobertos pela lei e por seus meios aumentados<br />

e agravados. Daí atribuir-se superabundância à graça.

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