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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 5 • 215<br />

10. Porque, se nós, quando inimigos,<br />

fomos reconciliados com Deus mediante<br />

a morte <strong>de</strong> seu Filho, muito<br />

mais, estando reconciliados, seremos<br />

por ele salvos por sua vida.<br />

10. Si enim quum inimici essemus, reconciliati<br />

sumus Deo per mortem<br />

Filii ejus; multo magis, reconciliati,<br />

servabimur per vitam ipsius.<br />

10. Esta é uma explicação do versículo anterior, ampliado aqui<br />

ao fazer uma comparação entre a vida <strong>de</strong> Cristo e sua morte. Éramos<br />

inimigos, diz ele, quando Cristo apresentou-se ao Pai como<br />

instrumento <strong>de</strong> propiciação. Somos agora feitos amigos pela instrumentalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sua reconciliação; e se isso foi consumado por sua<br />

morte, então sua vida 10 será <strong>de</strong> muito maior po<strong>de</strong>r e eficácia. Temos,<br />

pois, ampla comprovação para fortalecer nossas mentes com sólida<br />

confiança em nossa salvação. Fomos reconciliados com Deus pela<br />

morte <strong>de</strong> Cristo, reitera Paulo, visto que o seu sacrifício, pelo qual<br />

o mundo foi reconciliado com Deus, era <strong>de</strong> caráter expiatório, como<br />

já <strong>de</strong>monstrei no capítulo 4.<br />

O apóstolo, contudo, parece aqui contradizer-se. Se a morte <strong>de</strong><br />

Cristo foi um penhor do amor divino para conosco, segue-se que<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então nos tornamos aceitáveis a ele. Agora, porém, nos diz<br />

que éramos inimigos. Minha resposta a esta questão é a seguinte:<br />

visto que Deus o<strong>de</strong>ia o pecado, somos igualmente odiados por ele<br />

enquanto permanecermos pecadores. Mas assim que nos recebe no<br />

corpo <strong>de</strong> Cristo por seu secreto <strong>de</strong>sígnio, então cessa <strong>de</strong> odiar-nos.<br />

Nosso retorno à graça, contudo, nos será <strong>de</strong>sconhecido, enquanto<br />

não a alcançarmos pela fé. Com respeito a nós mesmos, portanto,<br />

seremos sempre inimigos, até que a morte <strong>de</strong> Cristo se interponha<br />

para propiciar a Deus. Este duplo aspecto <strong>de</strong>ve ser bem observado.<br />

De nenhuma outra forma reconheceremos misericórdia gratuita <strong>de</strong><br />

Deus a não ser que sejamos persuadidos <strong>de</strong> sua recusa em poupar<br />

seu Filho Unigênito, visto que ele nos amou quando havia ainda<br />

10 “Por sua vida”, o abstrato pelo concreto; significa: “por ele estar vivo”, estando à <strong>de</strong>stra<br />

<strong>de</strong> Deus, tendo todo po<strong>de</strong>r a ele confiado e fazendo intercessão por nós [8.34]. “Porque<br />

eu vivo, vós também vivereis” [Jo 14.19].

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