27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

224 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

para salvar do que Adão para <strong>de</strong>struir. Mas, já que o argumento<br />

daqueles que não querem aceitar a passagem nestes termos não<br />

po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scartado, <strong>de</strong>ixo a meus leitores a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolher<br />

qual das duas interpretações prefiram. A passagem em seguimento<br />

não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como uma inferência lógica, não obstante<br />

seguir o mesmo argumento. É provável, pois, que Paulo esteja simplesmente<br />

conectando ou modificando por meio <strong>de</strong> uma exceção o<br />

que disse sobre a semelhança existente entre Cristo e Adão.<br />

Devemos observar, contudo, que o apóstolo aqui não contrasta<br />

o maior número [plures] com os muitos [multis], pois ele não está<br />

falando do gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> seres humanos, mas argumenta: visto<br />

que o pecado <strong>de</strong> Adão <strong>de</strong>struiu a muitos, a justiça <strong>de</strong> Cristo não será<br />

menos eficaz para a salvação <strong>de</strong> muitos. 17<br />

Ao dizer que pela ofensa <strong>de</strong> um só morreram muitos, ele quer<br />

dizer que a corrupção proce<strong>de</strong>u <strong>de</strong> Adão para nós. Não é culpa <strong>de</strong>le<br />

se perecemos, como se nós mesmos não fôssemos responsáveis.<br />

Paulo, porém, atribui nossa ruína a Adão, visto que seu pecado é a<br />

causa <strong>de</strong> nosso pecado. Pela expressão nosso pecado está implícito<br />

o pecado que nos é natural e inerente.<br />

A graça <strong>de</strong> Deus, e o dom pela graça. Graça é precisamente o<br />

oposto <strong>de</strong> ofensa; e o dom que proce<strong>de</strong> da graça, o oposto <strong>de</strong> morte.<br />

17 É evi<strong>de</strong>nte que “os muitos”, οἱ πολλοί, incluem aqueles conectados com os dois partidos<br />

– os muitos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Adão e os muitos crentes em Cristo. E “os muitos” foram<br />

adotados para formar um contraste com o “um só”.<br />

“Os muitos” são expressos como “todos” no versículo 18, e novamente “os muitos”, no<br />

versículo 19. Eles são chamados “os muitos” e “todos” igualmente em relação a Adão e a<br />

Cristo. Alguns mantêm que os termos são co-extensivos nos dois casos. Não po<strong>de</strong> haver<br />

dúvida <strong>de</strong> que toda a raça humana está implícita num caso; e há alguma razão por que toda<br />

a raça humana não <strong>de</strong>va ser incluída na segunda? Mui evi<strong>de</strong>ntemente que há. O apóstolo<br />

fala <strong>de</strong> Adão e <strong>de</strong> sua posterida<strong>de</strong>, e também <strong>de</strong> Cristo e seu povo, ou aqueles “que recebem<br />

abundância <strong>de</strong> graça”, ou “são feitos justos”; e “os muitos” e os “todos” são evi<strong>de</strong>ntemente<br />

os que pertencem a cada um separadamente. As palavras não po<strong>de</strong>m ser entendidas<br />

consistentemente <strong>de</strong> nenhuma outra forma. Todos os que caíram em Adão certamente<br />

não “recebem a abundância <strong>de</strong> graça”, e nem são “feitos justos”. E não é possível, como<br />

observa o Prof. Hodge, “significar enfraquecer tais <strong>de</strong>clarações como estas, ao ponto <strong>de</strong><br />

fazê-las conter nada mais que a chance <strong>de</strong> salvação que é oferecida a todos os homens.”<br />

Isso é <strong>de</strong>veras contrário aos fatos evi<strong>de</strong>ntes. Tampouco po<strong>de</strong>m significar que abriu-se um<br />

caminho <strong>de</strong> aceitação, o qual é franco a todos; pois embora isso seja correto, todavia não<br />

po<strong>de</strong> ser seu significado aqui. Daí, “os muitos” e os “todos”, quanto a Adão, são todos seus<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes; e “os muitos” e os “todos”, quanto a Cristo, são os que crêem.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!