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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 9 • 407<br />

Que os gentios, que não buscavam a justiça. Aparentemente, não<br />

havia nada mais absurdo ou inconsistente do que os gentios, que se<br />

chafurdaram na concupiscência <strong>de</strong> sua carnalida<strong>de</strong>, sem qualquer<br />

respeito pela justiça, fossem convidados a participar da salvação<br />

e obter a justificação; enquanto que os ju<strong>de</strong>us, em contrapartida,<br />

que se <strong>de</strong>votaram assiduamente a viver segundo a lei, fossem alijados<br />

<strong>de</strong> todas as recompensas da justiça. O apóstolo introduz este<br />

paradoxo singular sem mais explicação, como se quisesse mitigar<br />

alguma aspereza nele, adicionando à explicação que a justiça que os<br />

gentios alcançaram proce<strong>de</strong> da fé. Ela <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, portanto, da mercê<br />

do Senhor, e não <strong>de</strong> algum mérito humano. O zelo pela lei, pelo qual<br />

os ju<strong>de</strong>us eram acionados, não passava <strong>de</strong> um absurdo, visto que<br />

buscavam ser justificados por meio das obras, e assim esforçavam-se<br />

por atingir uma posição a que homem algum pô<strong>de</strong> ou po<strong>de</strong> alcançar.<br />

Além disso, eles escandalizaram-se em Cristo, nosso único meio <strong>de</strong><br />

acesso para a obtenção da justiça.<br />

Na primeira sentença, contudo, era o objetivo do apóstolo enaltecer<br />

a perfeita graça <strong>de</strong> Deus, causa única da vocação dos gentios,<br />

<strong>de</strong>clarando que o amor divino os recebia com amplexos, a <strong>de</strong>speito<br />

<strong>de</strong> serem eles indignos do favor divino.<br />

Paulo fala expressamente da justificação, sem a qual não po<strong>de</strong><br />

haver salvação alguma; mas ao dizer que a justificação dos gentios<br />

proce<strong>de</strong> da fé, subenten<strong>de</strong> que a mesma tem por base a graciosa<br />

reconciliação [divina]. Se concluirmos que os gentios são justificados<br />

por terem eles obtido o Espírito <strong>de</strong> regeneração, por meio da fé,<br />

então <strong>de</strong>monstraremos compreen<strong>de</strong>r muito mal o pensamento do<br />

apóstolo. Seria absurdo dizer que obtiveram o que não buscavam, a<br />

não ser que Deus graciosamente os enlaçasse enquanto eram ainda<br />

transviados e errantes, e lhes oferecesse uma justificação pela qual<br />

não sentiam nenhuma aspiração, visto que lhes era <strong>de</strong>sconhecida.<br />

Devemos notar ainda que os gentios obtiveram a justificação proce<strong>de</strong>nte<br />

da fé simplesmente porque Deus antecipou a fé <strong>de</strong>les na<br />

aplicação <strong>de</strong> sua graça. Tivessem primeiro aspirado a justiça [divina]

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