27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

252 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

que vem a seguir, ou seja: “Pecaremos, só porque não nos achamos<br />

sujeitos à lei?”. O apóstolo jamais teria formulado tal pergunta, se<br />

não enten<strong>de</strong>sse que estamos livres do rigor da lei, <strong>de</strong> modo que<br />

Deus não mais trata conosco <strong>de</strong> acordo com a mais séria exigência<br />

da justiça. Portanto, é fora <strong>de</strong> qualquer dúvida que ele pretendia,<br />

aqui, indicar algum gênero <strong>de</strong> livramento da escravidão da própria<br />

lei do Senhor. Explicarei sucintamente meu ponto <strong>de</strong> vista, sem<br />

entrar em controvérsia.<br />

Em primeiro lugar, temos aqui, creio eu, uma palavra <strong>de</strong> ânimo<br />

para o conforto dos crentes, a fim <strong>de</strong> que não percam o ânimo em<br />

seus esforços por alcançar a santida<strong>de</strong> pela conscientização <strong>de</strong> sua<br />

própria fragilida<strong>de</strong>. Ele os exortara a que exercitassem todas suas<br />

faculda<strong>de</strong>s em obediência à justiça, mas já que levavam em si ainda<br />

certos resquícios da natureza carnal, não podiam fazer outra coisa<br />

senão experimentar sensações <strong>de</strong> insegurança. Portanto, receando<br />

que viessem a per<strong>de</strong>r o espírito <strong>de</strong> confiança à vista <strong>de</strong> suas próprias<br />

fraquezas, e caíssem em <strong>de</strong>sespero, ele aproveita a oportunida<strong>de</strong><br />

para injetar-lhes um novo ânimo diante da reconfortante idéia <strong>de</strong> que<br />

suas obras não são agora consi<strong>de</strong>radas pelo prisma da estrita norma<br />

da lei; ao contrário, Deus perdoa sua impureza e os aceita com benevolência<br />

e longanimida<strong>de</strong>. O jugo da lei não po<strong>de</strong> ser conduzido sem<br />

machucar e oprimir àqueles que o levam. Portanto, aos crentes não<br />

fica outra alternativa senão fugir para o seio <strong>de</strong> Cristo e implorar-lhe<br />

seu socorro como Defensor da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>les; porquanto é este seu<br />

papel. Cristo submeteu-se à escravidão da lei, embora não fosse <strong>de</strong><br />

modo algum um <strong>de</strong>vedor a suas exigências, a fim <strong>de</strong> que pu<strong>de</strong>sse,<br />

segundo as palavras do apóstolo, ser o Re<strong>de</strong>ntor daqueles que se<br />

acham <strong>de</strong>baixo da lei [Gl 4.5].<br />

Assim, pois, não estar <strong>de</strong>baixo da lei significa que ela não passa<br />

<strong>de</strong> letra morta a con<strong>de</strong>nar-nos, uma vez que não temos nenhuma capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> praticá-la. Significa também que não mais nos achamos<br />

sujeitos à lei no que se refere ao fato <strong>de</strong> ela exigir <strong>de</strong> nós perfeita<br />

justiça e <strong>de</strong> pronunciar morte contra todos aqueles que transgri<strong>de</strong>m

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!