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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 9 • 387<br />

esforços por alcançar nossa própria eleição, mas que esta capacida<strong>de</strong><br />

não efetua nada por si mesma, senão que recebe o auxílio da<br />

misericórdia divina. O apóstolo não está tentando mostrar a capacida<strong>de</strong><br />

que porventura po<strong>de</strong>ríamos ter, e, sim, está excluindo todos<br />

nossos empenhos. Dizer que queremos ou corremos para alcançar a<br />

eleição é pura cavilação, visto que Paulo nega que o homem que quer<br />

e corre seja capaz <strong>de</strong> concretizar a eleição. O que ele tem em mente<br />

é simplesmente que nem o querer nem o correr po<strong>de</strong>m efetuar algo.<br />

Entretanto, aqueles que, em contrapartida, prosseguem em sua<br />

ociosida<strong>de</strong> e inativida<strong>de</strong>, sob a alegação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar à graça divina a<br />

liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação, também <strong>de</strong>vem ser con<strong>de</strong>nados. Ainda que nossos<br />

próprios esforços não realizem nada, todavia o esforço que é<br />

inspirado por Deus não fica sem efeito. Portanto, não dizemos isso<br />

com o intuito <strong>de</strong> fazer que nossa capciosida<strong>de</strong> e indolência extingam<br />

o Espírito <strong>de</strong> Deus, quando ele acen<strong>de</strong> em nós algumas centelhas,<br />

mas para que possamos enten<strong>de</strong>r que o que temos proce<strong>de</strong> <strong>de</strong>le,<br />

e para atribuir-lhe a existência <strong>de</strong> todas as coisas, e sinceramente<br />

<strong>de</strong>senvolver nossa salvação com temor e tremor [Fp 2.12].<br />

Pelágio tentou evadir-se <strong>de</strong>sta sentença do apóstolo, substituindo-a<br />

por outro sofisma completamente indigno. Ele <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a tese<br />

<strong>de</strong> que nossa eleição não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somente <strong>de</strong> quem quer ou <strong>de</strong><br />

quem corre, visto que a misericórdia divina nos assiste. Agostinho,<br />

contudo, o refutou eficiente e astuciosamente, dizendo: Quando se<br />

nega que a vonta<strong>de</strong> humana é a causa da eleição, por ser ela apenas<br />

uma parte e não a única causa, também po<strong>de</strong>mos, em contrapartida,<br />

afirmar que a eleição não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da misericórdia divina, e, sim, <strong>de</strong><br />

quem quer ou <strong>de</strong> quem corre. On<strong>de</strong> há mútua cooperação, também<br />

<strong>de</strong>ve haver louvor recíproco. Mas esta última proposição parece<br />

indisputável por sua própria obscurida<strong>de</strong>. Determinemos, pois,<br />

atribuir à misericórdia a salvação daqueles a quem Deus propôs<br />

salvar, <strong>de</strong> uma maneira tal que nada reste à inventivida<strong>de</strong> humana. 16<br />

16 Os termos ‘querer’ e ‘correr’ evi<strong>de</strong>ntemente se <strong>de</strong>rivam das circunstâncias conectadas à<br />

história <strong>de</strong> Esaú. Diz Turrettin: “Esaú buscou a bênção em vão. Em vão Isaque apressou-

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