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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 5 • 227<br />

estimula e os encoraja a pon<strong>de</strong>rarem sobre a munificência divina.<br />

Sua intenção nesta enérgica reiteração consiste em que os homens<br />

proclamem com dignida<strong>de</strong> a graça <strong>de</strong> Deus, e sejam conduzidos da<br />

autoconfiança à confiança em Cristo, <strong>de</strong> modo que, quando tivermos<br />

obtido sua graça, venhamos a <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> plena certeza e segurança.<br />

Esta enfim é a fonte <strong>de</strong> nossa gratidão. O significado da passagem<br />

como um todo é o seguinte: visto que Cristo suplantou a Adão, o<br />

pecado <strong>de</strong>ste é absorvido pela justiça <strong>de</strong> Cristo. A maldição <strong>de</strong> Adão<br />

é <strong>de</strong>struída pela graça <strong>de</strong> Cristo, e a vida que Cristo conquistou<br />

tragou a morte que proce<strong>de</strong>u <strong>de</strong> Adão. Entretanto, as partes <strong>de</strong>sta<br />

comparação não se correspon<strong>de</strong>m. O apóstolo <strong>de</strong>veria ter dito que<br />

a bênção da vida reina e floresce mais e mais através da plenitu<strong>de</strong><br />

da graça; em vez disso, ele diz que “os crentes reinarão”. Contudo,<br />

o sentido é o mesmo, pois o reino dos crentes está na vida, e o reino<br />

da vida está nos crentes.<br />

Dignas <strong>de</strong> nota são também as duas diferenças existentes entre<br />

Cristo e Adão, as quais o apóstolo omitiu, não porque as consi<strong>de</strong>rasse<br />

como sendo <strong>de</strong>stituídas <strong>de</strong> importância, mas porque não<br />

tinham qualquer conexão com seu presente argumento para que<br />

as mencionasse.<br />

A primeira diferença consiste em que somos con<strong>de</strong>nados pelo<br />

pecado <strong>de</strong> Adão, não só por imputação, como se estivéssemos sendo<br />

punidos pelo pecado <strong>de</strong> outrem; sofremos, porém, seu castigo<br />

em razão <strong>de</strong> sermos também culpados, visto que Deus julga nossa<br />

natureza culpada <strong>de</strong> iniqüida<strong>de</strong>, a qual foi corrompida em Adão.<br />

Mas a justiça <strong>de</strong> Cristo nos restaura para a salvação <strong>de</strong> um modo<br />

distinto. Não somos tidos por justos porque temos justiça inerente<br />

em nós, mas porque possuímos Cristo mesmo com todas suas<br />

bênçãos, os quais nos foram outorgados pela liberalida<strong>de</strong> do Pai. O<br />

dom da justiça, pois, não significa uma qualida<strong>de</strong> com que Deus nos<br />

dotou – pois tal conceito seria um grave equívoco –, mas consiste<br />

naquela graciosa imputação da justiça. O apóstolo está expandindo<br />

sua interpretação do termo graça.

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