27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 7 • 293<br />

23. mas vejo nos meus membros outra<br />

lei que, guerreando contra a lei da<br />

minha mente, me faz prisioneiro da<br />

lei do pecado que está nos meus<br />

membros.<br />

23. Vi<strong>de</strong>o autem alterum Legem in<br />

membris meis, repugnantem 29 legi<br />

mentis meæ, et captivum me red<strong>de</strong>ntem<br />

legi peccati, quæ est in<br />

membris meis.<br />

21. Encontro a lei. Paulo <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> aqui a existência <strong>de</strong> uma lei<br />

quádrupla. Há a lei <strong>de</strong> Deus, que é a única que merece ser assim<br />

chamada, visto ser ela a norma <strong>de</strong> justiça pela qual nossa vida é<br />

corretamente moldada. A esta ele adiciona a lei da mente. Por esta<br />

ele <strong>de</strong>signa a prontidão da mente fiel em obe<strong>de</strong>cer à lei divina. Esta<br />

consiste em nossa conformida<strong>de</strong> com a lei <strong>de</strong> Deus. Oposta a esta<br />

temos a lei da justiça. Por esta Paulo <strong>de</strong>signa o po<strong>de</strong>r que a iniqüida<strong>de</strong><br />

exerce, não só no indivíduo ainda não regenerado, mas também na<br />

carne do regenerado. Mesmo as leis <strong>de</strong> tiranos, por mais iníquas que<br />

possam ser, são ainda chamadas <strong>de</strong> leis, ainda que incorretamente.<br />

A esta lei Paulo faz correspon<strong>de</strong>r a lei em seus membros, ou seja: a<br />

concupiscência que resi<strong>de</strong> em seus membros. Ele assim proce<strong>de</strong> em<br />

virtu<strong>de</strong> da concordância que existe entre ela e a iniqüida<strong>de</strong>.<br />

Com referência à primeira cláusula, muitos intérpretes tomam<br />

o termo lei em seu sentido próprio, e <strong>de</strong>ve ser entendida como κατὰ<br />

ou διὰ. Assim Erasmo traduz pela lei como se Paulo houvesse dito<br />

que <strong>de</strong>scobrira que seu erro era inato à luz da instrução e diretriz da<br />

lei <strong>de</strong> Deus. Entretanto, a frase ficará melhor redigida sem qualquer<br />

preposição, ou seja: “Quando os crentes se esforçam após o que é<br />

bom, encontram em si mesmos uma lei tirânica, visto que uma tendência<br />

viciosa, a qual resiste e se opõe à lei <strong>de</strong> Deus, é implantada<br />

nos ossos e na medula.”<br />

29 “Repugnantem” – ἀντιστρατευόμενον, pôr-se em formação <strong>de</strong> batalha, lutar ou guerrear<br />

contra, tomando o campo ou marchando contra um inimigo. Então segue ‘tomando’ um<br />

inimigo ‘cativo’, αἰχμαλωτίζοντα. Há duas sortes <strong>de</strong> cativos, o voluntário e o involuntário.<br />

O último é o caso aqui; pois o Apóstolo se compara a cativos <strong>de</strong> guerra, os quais são<br />

feitos assim pela força. O mesmo se acha implícito na expressão “vendido ao pecado” [v.<br />

14] – a constrangedora condição <strong>de</strong> estar sujeito, durante a vida, aos molestamentos, às<br />

tentações, seduções e po<strong>de</strong>r mortífero da corrupção inerente.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!