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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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246 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

10. Ele morreu uma vez por todas. O apóstolo afirmara que, em<br />

conseqüência do exemplo <strong>de</strong> Cristo, ficamos para sempre livres do<br />

jugo da morte. Ele agora aplica sua afirmação, <strong>de</strong>clarando que não<br />

estamos mais sujeitos à tirania do pecado [2Tm 1.10]. Ele prova isso<br />

a partir da causa final da morte <strong>de</strong> Cristo, pois ele morreu com o fim<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>struir o pecado. Devemos notar também a referência a Cristo<br />

nesta forma <strong>de</strong> expressão. Ele não afirma estar morto para o pecado<br />

com o propósito <strong>de</strong> não mais cometê-lo – como diríamos em nosso<br />

próprio caso –, mas porque ele morreu em relação ao pecado, <strong>de</strong><br />

modo que, ao constituir-se um resgate [ἀντίλυτρον], ele aniquilou o<br />

po<strong>de</strong>r e autorida<strong>de</strong> do pecado. 8 O apóstolo diz que Cristo morreu<br />

uma única vez [Hb 10.14], não só porque tenha ele santificado os<br />

crentes para sempre pela re<strong>de</strong>nção eterna que granjeou por sua única<br />

oblação, e porque consumou a purificação dos pecados <strong>de</strong>les por<br />

meio <strong>de</strong> seu sangue, mas também com o propósito <strong>de</strong> estabelecer a<br />

semelhança comum entre nós e o Re<strong>de</strong>ntor [ut in nobis quoque mutua<br />

similitudo respon<strong>de</strong>at]. Ainda que a morte espiritual faça contínuo<br />

progresso <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós, todavia po<strong>de</strong>-se propriamente dizer que<br />

morremos uma vez, a saber: quando Cristo nos reconcilia com seu<br />

Pai por meio <strong>de</strong> seu sangue, e também nos regenera concomitantemente<br />

pelo po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> seu Espírito.<br />

Mas, quanto a viver, vive para Deus. Quer leiamos com Deus<br />

ou em Deus, o sentido permanece o mesmo. Paulo está mostrando<br />

que Cristo agora possui, no reino imortal e incorruptível <strong>de</strong> Deus,<br />

uma vida não mais sujeita à mortalida<strong>de</strong>. Um tipo <strong>de</strong>sta vida imortal<br />

evi<strong>de</strong>ncia-se na regeneração dos piedosos. Devemos reter em nossa<br />

8 Esta diferença po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>duzida do teor geral <strong>de</strong> toda a passagem; pois lemos que sua<br />

morte e a nossa têm uma semelhança, e, não são a mesma coisa. E mais, ao mencionar<br />

nossa morte nesta conexão, no próximo versículo, ele muda sua fraseologia; é νεκροὺς<br />

εναι e não ἀποθάνειν, significando os que são privados da vida – está morto. “Os mortos<br />

[νεκροὺς] em <strong>de</strong>litos e pecados” são aqueles que não têm vida espiritual; e ser morto para<br />

o pecado significa não ter vida para o pecado, estar isento <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r governante. Veja-<br />

-se o versículo 8.<br />

É comum o costume do apóstolo <strong>de</strong> adotar a mesma forma <strong>de</strong> palavras com sentidos<br />

diferentes, o que só po<strong>de</strong> ser distinguido pelo contexto ou por outras partes da Escritura,<br />

como já se observou numa nota sobre 4.25.

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