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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 6 • 255<br />

Ou da obediência para a justiça. A fraseologia não é estritamente<br />

correta. Se Paulo quisesse contrabalançar os membros<br />

da sentença, então <strong>de</strong>veria ter dito: ou da justiça para a vida. 13<br />

Contudo, visto que a mudança nas palavras não altera o sentido<br />

da passagem, preferi expressar a natureza da justiça pela palavra<br />

obediência. Entretanto, isso <strong>de</strong>nota, pelo uso <strong>de</strong> metonímia, os<br />

próprios mandamentos <strong>de</strong> Deus. Seu uso da palavra sem qualquer<br />

adição indica que somente Deus é que tem autorida<strong>de</strong> sobre as<br />

consciências humanas. Embora o nome <strong>de</strong> Deus não seja mencionado,<br />

a obediência é, não obstante, com referência a Deus, visto<br />

que a mesma não po<strong>de</strong> ser uma obediência dividida.<br />

17. Mas graças a Deus. O apóstolo aplica sua comparação ao<br />

caso que se acha diante <strong>de</strong>le. Ainda que a única verda<strong>de</strong> da qual<br />

seus leitores precisavam lembrar era o fato <strong>de</strong> que não mais eram<br />

servos do pecado, ele adiciona um gesto <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento [a Deus].<br />

Ele proce<strong>de</strong> assim visando, principalmente, a ensinar-lhes que seu<br />

livramento do pecado não era atribuível a seus próprios méritos, e,<br />

sim, à singular mercê divina. Ao mesmo tempo, contudo, sua própria<br />

gratidão <strong>de</strong>veria ensinar-lhes quão imensa é a munificência divina.<br />

Isso, portanto, <strong>de</strong>veria <strong>de</strong>spertá-los ainda mais vigorosamente para<br />

odiarem o pecado. A atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paulo em dar graças tem por base<br />

o livramento <strong>de</strong>les do domínio do pecado, o qual se <strong>de</strong>u quando<br />

cessaram <strong>de</strong> ser o que haviam sido antes, e não tem referência<br />

13 A observação <strong>de</strong> Beza sobre isso é esta: a obediência não é a causa <strong>de</strong> vida, como o<br />

pecado é <strong>de</strong> morte, mas é o caminho para a vida. E daí a falta <strong>de</strong> correspondência nas<br />

duas frases. Outros, porém, como Venema, Turrettin e Stuart, consi<strong>de</strong>ram que as frases<br />

realmente se correspon<strong>de</strong>m. Eles tomam εἰς θάνατον – “para a morte” – como significando<br />

para a con<strong>de</strong>nação; e εἰς δικαιοσύνην, traduzem “para a justificação”; e ὑπακόη, ‘obediência’,<br />

em sua visão, é a obediência da fé. Essa construção po<strong>de</strong>ria ser admitida, não<br />

fosse pela última frase do versículo 18, on<strong>de</strong> temos: “Viestes a ser servos da justiça”, a<br />

mesma palavra, δικαιοσύνη; a não ser que a consi<strong>de</strong>remos também, como faz Venema, no<br />

sentido <strong>de</strong> justiça da fé por uma sorte <strong>de</strong> personificação. E se esse for o caso, <strong>de</strong>vemos<br />

dar o mesmo significado à ‘justifica’, δικαιοσύνη, do versículo 19, que resulta em santida<strong>de</strong>;<br />

e também à ‘justiça’, δικαιοσύνη, no versículo 20. Como o apóstolo personifica o<br />

pecado, também po<strong>de</strong>ríamos presumir que ele personifica a justiça, isto é, a justiça da fé.<br />

Nesse caso, po<strong>de</strong>mos reter a palavra ‘justiça’, neste versículo, e não justificação. Pois a<br />

correspondência nos termos seria ainda essencialmente preservada, como se acha inseparavelmente<br />

conectada a justiça da fé com a vida eterna.

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