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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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598 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Se alguém levantar a objeção, dizendo que Paulo se contradiz,<br />

dizendo que o mistério, do qual Deus dá testemunho através <strong>de</strong> seus<br />

profetas, estivera oculto ao longo <strong>de</strong> todas as eras, Pedro apresenta<br />

uma solução fácil a esta dificulda<strong>de</strong>. Em suas cuidadosas inquirições<br />

em torno da salvação que nos foi oferecida, diz ele, os profetas não<br />

ministraram a si mesmos, mas a nós [1Pe 1.12]. Deus, pois, naquele<br />

tempo estava em silêncio, visto que mantinha em suspenso a revelação<br />

<strong>de</strong>stas coisas concernente às quais ele <strong>de</strong>sejava que seus<br />

servos profetizassem.<br />

Ainda que não haja acordo nem mesmo entre os escolásticos<br />

sobre em que sentido Paulo, nesta passagem, chama o evangelho<br />

um mistério oculto, tanto quanto em Efésios 3.9 e Colossenses 1.26,<br />

o ponto <strong>de</strong> vista mais provável é o daqueles que o aplicam à vocação<br />

dos gentios. Paulo mesmo explicitamente alu<strong>de</strong> a isto em sua<br />

Epístola aos Colossenses [Cl 1.27]. Concordo que esta po<strong>de</strong> ser uma<br />

das razões, mas não posso me persuadir a crer que só exista uma.<br />

Parece-me mais provável que Paulo estava também pensando em<br />

outras diferenças entre o Velho e o Novo Testamento. Ainda que<br />

os profetas houvessem outrora ensinado tudo o que Cristo e os<br />

apóstolos explicaram, em seu tempo, mesmo assim o ensinaram <strong>de</strong><br />

forma um tanto obscura, quando comparado com a clareza da luz<br />

meridiana do evangelho, que não <strong>de</strong>vemos surpreen<strong>de</strong>r-nos, caso se<br />

nos afirme que as coisas que são agora reveladas estiveram ocultas.<br />

Malaquias não profetiza <strong>de</strong>bal<strong>de</strong> que o Sol da Justiça nasceria [4.2],<br />

nem <strong>de</strong>bal<strong>de</strong> exaltou Isaías a embaixada do Messias. Finalmente, não<br />

é sem razão que o evangelho seja chamado o reino <strong>de</strong> Deus. Contudo,<br />

po<strong>de</strong>mos com mais proprieda<strong>de</strong> concluir à luz do próprio tema<br />

que, somente quando Deus apareceu face a face a seu antigo povo,<br />

através <strong>de</strong> seu Filho Unigênito, foi que as sombras se dissiparam<br />

e os tesouros da sabedoria celestial finalmente se abriram. Ele novamente<br />

faz alusão ao propósito <strong>de</strong> pregar-se o evangelho, ao qual<br />

fez menção no início do primeiro capítulo, ou, seja: para que Deus<br />

guiasse todas as nações à obediência da fé.

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