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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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348 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

tável que suplanta a todas as tentações resi<strong>de</strong> no paternal e divino<br />

favor. A única maneira pela qual nosso julgamento do amor ou da<br />

ira <strong>de</strong> Deus é comumente formado, como sabemos, é pela avaliação<br />

<strong>de</strong> nosso estado atual. É por isso que as coisas às vezes vão mal,<br />

a tristeza toma posse <strong>de</strong> nossas mentes e afasta-se <strong>de</strong> nós toda<br />

confiança e consolação. Paulo, contudo, exclama que um princípio<br />

mais profundo <strong>de</strong>ve ser buscado, e que, portanto, os que se limitam<br />

a fitar o triste espetáculo <strong>de</strong> nossa batalha laboram em erro. Admito<br />

que os açoites divinos <strong>de</strong>vam ser corretamente consi<strong>de</strong>rados, em<br />

si mesmos, como sendo sinais da ira divina; mas, visto que eles se<br />

acham sacralizados em Cristo, Paulo or<strong>de</strong>na aos santos que ponham<br />

o amor paternal <strong>de</strong> Deus acima <strong>de</strong> tudo mais, <strong>de</strong> modo que, ao buscar<br />

nele seu refúgio, venham confiadamente a triunfar sobre todo o mal.<br />

Constitui-se-nos numa muralha <strong>de</strong> bronze o fato <strong>de</strong> Deus nos ser favorável<br />

e nos fazer seguros contra todo perigo. Paulo, contudo, não<br />

preten<strong>de</strong> ensinar-nos que jamais enfrentaremos qualquer oposição,<br />

senão que nos promete vitória sobre toda classe <strong>de</strong> inimigo.<br />

Se Deus é por nós, quem será contra nós? Este é o principal e,<br />

portanto, o único suporte a sustentar-nos em cada tentação. Se porventura<br />

Deus não nos fosse propício, nenhuma confiança sólida po<strong>de</strong>ria<br />

ser concebida, ainda quando tudo pareça sorrir-nos. Entretanto,<br />

em contrapartida, o amor divino não só é suficientemente gran<strong>de</strong><br />

consolação em toda e qualquer dor, mas também suficientemente<br />

forte proteção contra todas as tormentas <strong>de</strong> infortúnio. Há sobejos<br />

testemunhos na Escritura com referência a esta verda<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> os<br />

santos, confiando tão-somente no po<strong>de</strong>r divino, ousam menosprezar<br />

todo gênero <strong>de</strong> adversida<strong>de</strong> com que se <strong>de</strong>param no mundo. “Ainda<br />

que eu an<strong>de</strong> pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum”<br />

[Sl 23.4]. “Em Deus ponho minha confiança, e nada temerei; que me<br />

po<strong>de</strong>rá fazer o homem?” [Sl 56.11.] “Não tenho medo <strong>de</strong> milhares<br />

do povo que tomam posição contra mim <strong>de</strong> todos os lados” [Sl 3.6].<br />

Não há po<strong>de</strong>r abaixo do céu ou acima <strong>de</strong>le que possa resistir o<br />

braço <strong>de</strong> Deus. Se porventura o temos como nosso Defensor, então

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