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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 3 • 137<br />

e amargura. 15 Este vício é o oposto do anterior. O significado consiste<br />

em que os ímpios irradiam impieda<strong>de</strong> por todos os poros. Se falam<br />

agradavelmente, estão a enganar [alguém], e instilam veneno com<br />

suas galanterias. Porém, se expressam o que vai em seus corações,<br />

o que emana é maldição.<br />

15, 16. A expressão que Paulo adiciona, proce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Isaías –<br />

<strong>de</strong>struição e miséria estão em seus caminhos 16 –, é a mais notável <strong>de</strong><br />

todas, pois é uma <strong>de</strong>scrição da ferocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> imensurável barbárie,<br />

a qual produz <strong>de</strong>solação e <strong>de</strong>vastação ao <strong>de</strong>struir tudo quanto se<br />

acha a sua frente.<br />

17. Em seguida vem a frase: Desconheceram o caminho da paz.<br />

Vivem tão habituados à rapina, a atos <strong>de</strong> violência e injustiça, <strong>de</strong><br />

selvageria e cruelda<strong>de</strong>, que não mais sabem agir <strong>de</strong> forma humana<br />

e fraterna.<br />

18. Em sua conclusão, 17 novamente reitera, em diferentes termos,<br />

o que afirmamos no início, a saber: que toda a impieda<strong>de</strong> emana <strong>de</strong><br />

uma <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração para com Deus. Ao olvidarmos o temor <strong>de</strong> Deus,<br />

que é a parte essencial da sabedoria, não fica nenhum laivo <strong>de</strong> justiça<br />

ou pureza. Sumariando, visto que o temor <strong>de</strong> Deus é o freio pelo<br />

15 Salmo 10.7. Paulo corrige a or<strong>de</strong>m das palavras como encontradas na Septuaginta, e dá<br />

ao hebraico mais exatidão; porém restringe a palavra ‘amargura’, pela qual a Septuaginta<br />

traduziu twmrm, que significa engano, ou, melhor, equívoco fraudulento. Há quem pensa<br />

que ela <strong>de</strong>ve ser twrrm, ‘amargura’; mas não há cópia em seu favor.<br />

16 Os versículos 15 a 17 são extraídos <strong>de</strong> Isaías 59.7, 8. O hebraico e a Septuaginta, ambos,<br />

são semelhantes, porém Paulo as abreviou e mudou duas palavras na versão grega, pondo<br />

ὀξες em lugar <strong>de</strong> ταχινοὶ, e ἔγνωσαν em lugar <strong>de</strong> ὀίδασι, e seguiu essa versão <strong>de</strong>ixando<br />

fora ‘inocente’ <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ‘sangue’.<br />

17 É extraída do Salmo 36.1, e literal da versão grega e estritamente em concordância com o<br />

hebraico. É evi<strong>de</strong>nte à luz <strong>de</strong> diversas <strong>de</strong>ssas citações que o objetivo <strong>de</strong> Paulo, como diz<br />

Calvino, era representar o significado geral, e não manter-se estritamente às expressões.<br />

Há diferença <strong>de</strong> opinião quanto ao objetivo preciso do apóstolo; não se sabe se nessas<br />

citações ele quisesse consi<strong>de</strong>rar somente os ju<strong>de</strong>us ou ambos, ju<strong>de</strong>us e gentios. Na<br />

introdução, no versículo 9, ele faz menção <strong>de</strong> ambos, e na conclusão, versículo 19, evi<strong>de</strong>ntemente<br />

se refere a ambos, nestas palavras: “que toda boca esteja fechada, e todo o<br />

mundo se reconheça culpado diante <strong>de</strong> Deus.”<br />

O ponto <strong>de</strong> vista mais consistente parece ser que as passagens citadas se referem tanto<br />

a ju<strong>de</strong>us quanto a gentios; as últimas, mais especialmente, aos ju<strong>de</strong>us, enquanto algumas<br />

das prece<strong>de</strong>ntes têm uma referência especial ao mundo gentílico, particularmente o Salmo<br />

14, quando <strong>de</strong>screve o caráter dos inimigos <strong>de</strong> Deus e <strong>de</strong> seu povo, cuja libertação o<br />

salmista faz referência no último versículo.

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