27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 12 • 501<br />

e nem sempre em prol daqueles que são bons, mas também em<br />

prol daqueles que se nos revelam ingratos e indignos. Em suma,<br />

visto que <strong>de</strong>vemos esquecer <strong>de</strong> nós mesmos na execução <strong>de</strong> muitos<br />

<strong>de</strong> nossos <strong>de</strong>veres, jamais estaremos a<strong>de</strong>quadamente preparados<br />

para a obediência a Cristo, a menos que instemos conosco mesmos,<br />

esforçando-nos diligentemente por <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r-nos <strong>de</strong> toda<br />

nossa indolência. 15<br />

Ao acrescentar, fervorosos <strong>de</strong> espírito, ele nos mostra como<br />

<strong>de</strong>vemos firmar-nos ao preceito anterior. Nossa carne, à semelhança<br />

dos asnos, é perenemente indolente, e por isso carecemos <strong>de</strong> ser<br />

esporeados. Não há outro corretivo mais eficaz para nossa indolência<br />

do que o fervor do espírito. Portanto, a diligência em fazer o bem<br />

requer aquele zelo que o Espírito <strong>de</strong> Deus acen<strong>de</strong>u em nossos corações.<br />

Por que, pois, diria alguém, Paulo nos exorta a cultivar este<br />

fervor? Eis minha resposta: embora este zelo seja um dom divino,<br />

estes <strong>de</strong>veres são <strong>de</strong>stinados aos crentes a fim <strong>de</strong> que <strong>de</strong>struam<br />

sua indiferença e fomentem aquela chama que Deus lhes acen<strong>de</strong>u.<br />

Pois geralmente suce<strong>de</strong> que, ou abafamos, ou mesmo extinguimos<br />

o Espírito em razão <strong>de</strong> nossas próprias mazelas.<br />

O terceiro conselho, servindo ao tempo, tem a mesma referência.<br />

Visto que o curso <strong>de</strong> nossa vida é por <strong>de</strong>mais breve, nossa chance<br />

<strong>de</strong> fazer o bem tão logo passa. Devemos, pois, ser mais solícitos na<br />

realização <strong>de</strong> nossos <strong>de</strong>veres. Assim Paulo, em outra passagem,<br />

nos convida a remir o tempo, visto que os dias são maus [Ef 5.16]. O<br />

significado po<strong>de</strong> ser também que <strong>de</strong>vemos saber como administrar<br />

nosso tempo, porquanto há gran<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assim fazermos.<br />

Não obstante, Paulo, creio eu, está contrastando seu preceito entre<br />

servir o tempo e [servir] o ócio. A tradução em muitos manuscritos<br />

antigos é κυρίῳ. Hesito em rejeitar esta tradução completamente, embora<br />

à primeira vista não pareça relacionar-se ao contexto. Contudo,<br />

15 “Studio non pigri”, τ σπουδ μὴ ὀκνηροι; “Não sejais indolentes <strong>de</strong>pressa”, isto é, naquilo<br />

que se requer pressa. “Devemos esforçar-nos”, diz Teofilato, “por assistir com prontidão<br />

àqueles cujas circunstâncias <strong>de</strong>mandam socorro e alívio imediatos.”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!