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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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530 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

enquanto que uma vestimenta limpa e bela lhe conquista a admiração.<br />

Revestir-se <strong>de</strong> Cristo significa, aqui, ser <strong>de</strong>fendido <strong>de</strong> todos os<br />

lados pelo Espírito Santo, o que nos torna aptos a <strong>de</strong>sincumbir-nos<br />

<strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>veres da santida<strong>de</strong>. Desta forma a imagem <strong>de</strong> Deus,<br />

que é o único ornamento genuíno da alma, é renovada em nós. Paulo<br />

tem em vista o propósito <strong>de</strong> nossa vocação, visto que Deus, ao<br />

adotar-nos, nos enxerta no corpo <strong>de</strong> seu Filho unigênito com esta<br />

exigência: que renunciemos nossa vida anterior e nos tornemos novo<br />

homem nele. 14 Por esta razão, ele afirma noutra passagem que os<br />

crentes, no batismo, se revestem <strong>de</strong> Cristo [Gl 3.27].<br />

E nada disponhais para a carne, no tocante a suas concupiscências.<br />

Quanto trazemos ainda conosco <strong>de</strong> nossa carne é algo que<br />

não po<strong>de</strong>mos ignorar, pois embora nossa habitação esteja no céu,<br />

todavia somos ainda peregrinos na terra. Devemos, pois, dar a <strong>de</strong>vida<br />

atenção às coisas que se relacionam com nosso corpo, mas somente<br />

como acessórios em nossa peregrinação, e não para que nos levem<br />

a olvidar nosso lar celestial. Até mesmo os pagãos afirmam que a<br />

natureza se contenta com pouco; mas, na verda<strong>de</strong>, os apetites do<br />

homem são insaciáveis. Todos quantos, pois, <strong>de</strong>sejam satisfazer<br />

suas aspirações carnais acabam não só na prática <strong>de</strong> extravagâncias,<br />

mas também dando um mergulho nas próprias profun<strong>de</strong>zas<br />

da concupiscência.<br />

O apóstolo refreia nossos <strong>de</strong>sejos e nos lembra que a causa<br />

<strong>de</strong> toda intemperança é não nos contentarmos com o uso sóbrio<br />

e legítimo <strong>de</strong> nossas possessões. Ele, pois, estabelece a seguinte<br />

regra: que envi<strong>de</strong>mos todo esforço em suprir as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

nossa carne, sem permitir, contudo, que se <strong>de</strong>senfreie em luxúrias.<br />

Esta é a maneira pela qual <strong>de</strong>vemos usar este mundo sem <strong>de</strong>le<br />

abusarmos [1Co 7.31].<br />

14 Muitos têm explicado o ‘vestir’ aqui <strong>de</strong> uma meneira totalmente inconsistente com a<br />

passagem, como se vestir a justiça <strong>de</strong> Cristo estivesse em foco. Calvino mantém o que se<br />

harmoniza com o contexto, no sentido em que vestir-se <strong>de</strong> Cristo é ser sua santa imagem.<br />

O tema da passagem é santificação, e não justificação. Vestir-se <strong>de</strong> Cristo, pois, é vestir-se<br />

<strong>de</strong> suas virtu<strong>de</strong>s e graças, vestir-se ou revestir-se <strong>de</strong> seu Espírito para imitar sua conduta<br />

e a<strong>de</strong>rir a seu exemplo.

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