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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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232 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

se achavam naufragados antes mesmo que a lei fosse promulgada;<br />

porém, visto que eles aparentemente sobreviviam, mesmo em sua<br />

<strong>de</strong>struição, achavam-se submersos nas profun<strong>de</strong>zas, a fim <strong>de</strong> que<br />

seu livramento parecesse ainda mais extraordinário quando, ao<br />

contrário da expectativa humana, emergissem dos dilúvios que os<br />

subvertiam. Não é ilógico concluir que a lei fora em parte promulgada<br />

em razão <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ela outra vez con<strong>de</strong>nar as mesmas pessoas que<br />

uma vez já estavam con<strong>de</strong>nadas. Seremos plenamente justificados em<br />

usar todos e quaisquer meios para trazer os homens, e até mesmo<br />

forçá-los pela comprovação <strong>de</strong> sua culpabilida<strong>de</strong>, a ter consciência<br />

<strong>de</strong> sua própria impieda<strong>de</strong>.<br />

On<strong>de</strong> o pecado transbordou. É bem notório o método geral <strong>de</strong><br />

interpretar-se esta passagem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos <strong>de</strong> Agostinho. Quando<br />

a concupiscência é reprimida pelas restrições da lei, a mesma<br />

é intensamente estimulada. Há no homem inerente tendência <strong>de</strong><br />

esforçar-se por fazer aquilo que lhe é proibido. Mas acredito que<br />

aqui a referência é simplesmente ao aumento do conhecimento e<br />

à intensificação da obstinação, porquanto o pecado fica, pela lei,<br />

exposto aos olhos humanos, <strong>de</strong> modo que são constantemente compelidos<br />

a ter consciência da con<strong>de</strong>nação que lhes está reservada.<br />

Assim o pecado, que <strong>de</strong> outra forma seria por eles completamente<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhado, toma posse <strong>de</strong> suas consciências. Agora que a lei já<br />

foi promulgada, e a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, que brutalmente pisoteavam<br />

sob a planta <strong>de</strong> seus pés, se torna conhecida; aqueles que antes<br />

simplesmente <strong>de</strong>srespeitavam as fronteiras da justiça, agora chegam<br />

ao cúmulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhar a autorida<strong>de</strong> divina. Segue-se disso que o<br />

pecado é intensificado pela lei, visto que a autorida<strong>de</strong> do Legislador<br />

é então menosprezada e sua majesta<strong>de</strong>, <strong>de</strong>gradada. 26<br />

26 Crisóstomo consi<strong>de</strong>rava ἵνα aqui como que <strong>de</strong>notando não a causa final, mas o evento,<br />

e pensava que o significado fosse que a lei entrou, <strong>de</strong> modo que o efeito ou evento era<br />

que o pecado aumentou. Sua tradução então seria <strong>de</strong> modo que. E esse parece ser o<br />

significado dado a ela por Calvino. A lei não gera o pecado, porém o faz conhecido; e,<br />

ao <strong>de</strong>scobri-lo, aumentou sua culpa quando persistiu nele, e ao <strong>de</strong>scobri-lo mostrou a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um Salvador.

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