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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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154 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

O significado específico do apóstolo, aqui, se faz ainda mais evi<strong>de</strong>nte<br />

se atentarmos para o que ele diz, ou, seja: que Deus, à parte <strong>de</strong> Cristo,<br />

está sempre irado conosco, e que somos reconciliados com ele<br />

quando somos aceitos por meio <strong>de</strong> sua justiça. Deus não nos o<strong>de</strong>ia<br />

na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> feituras suas, ou, seja, pelo fato <strong>de</strong> nos ter criado<br />

como seres viventes, mas o que ele o<strong>de</strong>ia em nós é a impureza, a qual<br />

extinguiu a luz <strong>de</strong> sua imagem. Quando esta [impureza] é removida,<br />

então ele nos ama e nos abraça como feituras suas, próprias e puras.<br />

Como propiciação pela fé em seu sangue. Prefiro esta retenção<br />

literal da linguagem <strong>de</strong> Paulo, visto que, segundo meu modo<br />

<strong>de</strong> pensar, sua intenção era usar uma única idéia ao <strong>de</strong>clarar que<br />

se reconcilia conosco tão logo pomos nossa confiança no sangue<br />

<strong>de</strong> Cristo. Porque é pela fé que tomamos posse <strong>de</strong>ste benefício. Ao<br />

mencionar somente o sangue, ele não pretendia excluir as outras<br />

partes da re<strong>de</strong>nção; ao contrário, pretendia incluir tudo numa única<br />

palavra, e fez menção do sangue porque é nele que somos lavados.<br />

E assim toda a nossa expiação é compreendida no ato <strong>de</strong> se tomar a<br />

parte pelo todo. Havendo uma vez afirmado que Deus nos reconciliou<br />

em Cristo, ele agora adiciona que esta reconciliação é processada<br />

através da fé, ao mesmo tempo que, olhar para Cristo, constitui o<br />

principal objetivo <strong>de</strong> nossa fé.<br />

Visto ter <strong>de</strong>ixado impunes os pecados 34 anteriormente cometidos.<br />

A preposição causal [visto que] é equivalente a por causa da<br />

remissão ou com o fim <strong>de</strong> apagar nossos pecados. Esta <strong>de</strong>finição<br />

ou explicação confirma novamente o que tenho reiteradamente<br />

aludido, ou, seja: que os homens são justificados não pelo que são<br />

34 As palavras são διὰ τὴν πάρεσις. Parecem conectadas, não com a primeira cláusula, mas<br />

com aquela imediatamente prece<strong>de</strong>nte; e διὰ po<strong>de</strong> ser traduzida aqui em; veja-se a nota<br />

em 2.26; ou, talvez mais apropriadamente, por conta <strong>de</strong>. “Para uma prova <strong>de</strong> sua própria<br />

justiça em passar por alto os pecados” etc., Macknight; “A fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarar sua justificação<br />

com respeito ao cometimento <strong>de</strong> pecados”, Stuart.<br />

O que significa a ‘justiça’ <strong>de</strong> Deus aqui tem sido explicado variadamente. Alguns a consi<strong>de</strong>ram<br />

sua justiça em cumprimento <strong>de</strong> suas promessas, como Beza; outros, sua justiça<br />

em Cristo para os crentes, mencionada em 1.17, como Agostinho; e outros, sua justiça<br />

como o Deus <strong>de</strong> retidão e justiça, como Crisóstomo.

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