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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 4 • 199<br />

não pu<strong>de</strong>sse ser a<strong>de</strong>quadamente introduzido como exemplo, mas foi<br />

relatado para nossa instrução, visto que <strong>de</strong>vemos ser justificados<br />

da mesma maneira? Este, certamente, seria um significado muito<br />

mais a<strong>de</strong>quado.<br />

24. Que cremos naquele que ressuscitou a Jesus nosso Senhor.<br />

Já conscientizei meus leitores do valor <strong>de</strong>stas perífrases inseridas<br />

por Paulo. Ele as introduz em concordância com o contexto geral das<br />

passagens com o fim <strong>de</strong> fornecer-nos diferentes ângulos da substância<br />

<strong>de</strong> nossa fé. A ressurreição <strong>de</strong> Cristo é a mais importante parte<br />

<strong>de</strong>sta [fé], porquanto ela é o fundamento <strong>de</strong> nossa esperança na vida<br />

por vir. Houvera ele dito simplesmente que cremos em Deus, não<br />

teria sido tão fácil <strong>de</strong>duzirmos como isso po<strong>de</strong>ria servir na obtenção<br />

da justiça. Porém, quando se manifesta e nos oferece uma garantia<br />

segura <strong>de</strong> vida em sua própria ressurreição, percebemos claramente<br />

<strong>de</strong> que fonte emana a imputação <strong>de</strong> nossa justiça.<br />

25. O qual foi entregue por causa <strong>de</strong> nossas transgressões. 22 Ele<br />

prossegue e ilustra extensivamente a doutrina a que já fiz referência.<br />

É-nos da maior importância não só termos nossas mentes voltadas<br />

para Cristo, mas também termos um nítido quadro <strong>de</strong> como ele granjeou<br />

nossa salvação. Embora a Escritura, no que se refere a nossa<br />

22 É διὰ τὰ παραπτώματα ἡμων, “por nossas ofensas”, e διὰ τὴν δικαίωσιν ἡμων, “para nossa<br />

justificação.” A preposição διὰ tem aqui claramente dois significados: o primeiro, significa<br />

a razão por que; e o segundo, o fim para o qual. Como isso po<strong>de</strong> ser conhecido?<br />

Pelo caráter da sentença, bem como pelo que é ensinado em outro lugar. Porque, ao<br />

que Johnson anexa quarenta significados, é comumente entendido aqui como tendo<br />

um sentido diferente; e isso é suficientemente indicado pelo que está conectado a ele.<br />

Mas no caso <strong>de</strong> surgir uma dúvida, só temos que consultar outras passagens nas quais<br />

o tema é examinado.<br />

Tome-se o primeiro exemplo: “por nossas ofensas.” Há quem diz que διὰ, aqui, significa<br />

por causa <strong>de</strong>, ou por conta <strong>de</strong>; e isso para impedir a idéia <strong>de</strong> uma propiciação. A preposição,<br />

sem dúvida, tem esse sentido; mas é esse seu sentido aqui? Se a sentença em si for<br />

julgada insuficiente para <strong>de</strong>terminar a questão, vejamos o que se diz em outro lugar sobre<br />

a morte <strong>de</strong> Cristo em conexão com nossos pecados ou ofensas. Ele mesmo disse que<br />

veio “para dar sua vida em resgate (λύτρον um preço re<strong>de</strong>ntor) por muitos” [Mt 20.28].<br />

Diz-se que ele “se <strong>de</strong>u em resgate (ἀντίλυτρον – um preço re<strong>de</strong>ntor por outros) por todos”<br />

[1Tm 2.6]. Declara-se expressamente que “Cristo ofereceu-se uma vez para tirar os pecados<br />

<strong>de</strong> muitos” [Hb 9.28). E ainda mais ao propósito, se possível, é o testemunho <strong>de</strong> João,<br />

quando diz que Cristo “é a propiciação (ἱλασμός – expiação) por nossos pecados” [1Jo<br />

2.2]. Ora, é possível darmos outro significado ao texto além <strong>de</strong> que Deus entregou seu<br />

Filho como sacrifício por nossas ofensas? Essa é a doutrina expressa em toda a Escritura.

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