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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 4 • 185<br />

corrupto a cumprir seus <strong>de</strong>veres sem supri-lo com o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fazê-<br />

-lo, então o que ela faz é conduzi-lo a juízo, como culpado, perante o<br />

tribunal divino. Tal é a corrupção <strong>de</strong> nossa natureza, que quanto mais<br />

somos ensinados no que é certo e justo, mais abertamente nossa<br />

iniqüida<strong>de</strong> e particularmente nossa obstinação são <strong>de</strong>tectadas; e,<br />

assim, o juízo divino cai sobre nós <strong>de</strong> forma ainda mais inexorável.<br />

Pelo termo ira <strong>de</strong>vemos enten<strong>de</strong>r o juízo divino, e freqüentemente<br />

leva esse significado. Aqueles que acreditam que a lei inflama a ira<br />

do pecador porque este o<strong>de</strong>ia e execra o Legislador, sabendo que o<br />

mesmo se opõe a suas <strong>de</strong>pravações, são em extremo ingênuos no<br />

que afirmam, porém seus argumentos não são suficientemente relevantes<br />

para a passagem em apreço. O uso comum da expressão, bem<br />

como a razão que Paulo imediatamente adiciona, põem em evidência<br />

que Paulo quer dizer simplesmente que é só con<strong>de</strong>nação o que a lei<br />

traz sobre todos nós.<br />

Mas on<strong>de</strong> não há lei, também não há transgressão. Esta é a segunda<br />

prova pela qual ele confirma sua <strong>de</strong>claração. De outro modo<br />

teria sido difícil perceber como a ira <strong>de</strong> Deus se inflama contra nós<br />

em virtu<strong>de</strong> da lei, se a razão para tal não fosse bastante evi<strong>de</strong>nte. A<br />

razão consiste em que, quando recebemos o conhecimento da justiça<br />

divina pela instrumentalida<strong>de</strong> da lei, a mínima escusa agrava ainda<br />

mais o pecado contra ele. Aqueles que fogem <strong>de</strong> conhecer a vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Deus, merecidamente sofrem um castigo muito mais severo do<br />

que aqueles que o ofen<strong>de</strong>m movidos pela ignorância. O apóstolo,<br />

contudo, não está a referir-se àquela mera transgressão da justiça<br />

da qual ninguém se vê isento; ao contrário, pelo termo transgressão<br />

ele quer dizer que o homem, havendo sido ensinado sobre o que<br />

agrada ou <strong>de</strong>sagrada a Deus, consciente e voluntariamente transpõe<br />

as fronteiras prescritas pela Palavra <strong>de</strong> Deus. Numa só frase,<br />

transgressão, aqui, não é mera ofensa, mas significa uma obstinação<br />

espontânea em violar a justiça. 13 A partícula ο, on<strong>de</strong>, que tomo como<br />

13 É melhor tomar esta sentença “On<strong>de</strong> não há lei, não há transgressão”, segundo seu significado<br />

óbvio; como se adapta melhor à frase anterior. O raciocínio parece ser este: “A

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