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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 2 • 93<br />

4. Ou <strong>de</strong>sprezas as riquezas <strong>de</strong> sua bonda<strong>de</strong>? Não me parece haver<br />

aqui algum dilema, como alguns estudiosos afirmam, mas, antes, a<br />

antecipação <strong>de</strong> uma possível objeção. Visto que os hipócritas se vêem<br />

geralmente inflados com a prosperida<strong>de</strong>, como se merecessem a mercê<br />

divina por suas boas obras, e assim se fazem mais empe<strong>de</strong>rnidos em seu<br />

<strong>de</strong>sdém dirigido a Deus, o apóstolo antecipa sua arrogância. Ele prova,<br />

usando um argumento contrário, que eles não têm razão alguma <strong>de</strong> crer<br />

que Deus lhes será propício em razão <strong>de</strong> sua prosperida<strong>de</strong> extrínseca,<br />

visto que Deus tem um propósito bem diferente em fazer os homens<br />

bons, ou, seja: converter os pecadores a ele mesmo. On<strong>de</strong>, pois, o temor<br />

<strong>de</strong> Deus não é prevalecente, a confiança na prosperida<strong>de</strong> consiste no<br />

menosprezo e motejo <strong>de</strong> sua imensurável munificência. Segue-se disso<br />

que aqueles a quem Deus tem poupado nesta vida receberão sobre si<br />

a aplicação <strong>de</strong> um castigo mais severo, visto que têm adicionado sua<br />

rejeição do convite paternal <strong>de</strong> Deus a suas <strong>de</strong>mais perversida<strong>de</strong>s. Ainda<br />

que todos os favores divinos sejam inumeráveis provas <strong>de</strong> sua paternal<br />

bonda<strong>de</strong>, todavia, visto que às vezes ele tem diferentes objetivos em<br />

vista, os ímpios se equivocam ao vangloriar-se <strong>de</strong> sua prosperida<strong>de</strong>,<br />

como se fossem os bem-amados <strong>de</strong> Deus, ao mesmo tempo que este<br />

paternal e liberalmente os sustenta.<br />

Ignorando que a bonda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus é que te conduz ao arrependimento?<br />

O Senhor nos mostra, no exercício <strong>de</strong> sua bonda<strong>de</strong>, que ele<br />

é Aquele a quem <strong>de</strong>vemos converter-nos, caso estejamos ansiosos por<br />

nosso bem-estar; e ao mesmo tempo ele <strong>de</strong>sperta nossa confiança a<br />

esperar em sua mercê. Se não fizermos bom uso da liberalida<strong>de</strong> divina<br />

para este fim, então faremos mau uso <strong>de</strong>la, embora nem sempre a receberemos<br />

da mesma maneira. Enquanto o Senhor trata seus próprios<br />

servos favoravelmente, e lhes distribui bênçãos terrenas, ele faz-lhes<br />

sua benevolência conhecida por meio <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong>sse gênero, e ao mesmo<br />

tempo os habitua a buscarem unicamente nele a soma <strong>de</strong> todas as<br />

coisas boas. Quando ele trata os transgressores <strong>de</strong> sua lei com a mesma<br />

indulgência, seu objetivo é modificar sua obstinação por meio <strong>de</strong> sua<br />

própria bonda<strong>de</strong>; todavia, ele não <strong>de</strong>clara que se compraz neles, e,

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