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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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468 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

afirmação breve e clara. Não obstante, a afirmação que ele faz se<br />

revela completamente inesperada. A locução adverbial causal, para<br />

que não, 22 indica seu presente propósito, a qual propõe restringir<br />

a insolência dos gentios e impedi-los <strong>de</strong> vangloriar-se contra os<br />

ju<strong>de</strong>us. Esta advertência era muitíssimo oportuna, pois ela ten<strong>de</strong> a<br />

cortar ocasião a que tais pessoas revoltosas causassem distúrbios<br />

excessivos aos fracos, como se tivessem <strong>de</strong> vez perdido toda e<br />

qualquer esperança <strong>de</strong> salvação. A mesma advertência não nos é<br />

menos proveitosa nesta presente época, <strong>de</strong> modo que saibamos que<br />

a salvação do remanescente (o qual o Senhor, finalmente, reunirá para<br />

si mesmo) se acha escondida sob o selo do sinete <strong>de</strong> Deus. Sempre<br />

que uma longa espera nos lança ao <strong>de</strong>sespero, lembremo-nos <strong>de</strong>sta<br />

palavra – mistério! Por meio <strong>de</strong>sta idéia, o apóstolo claramente nos<br />

instrui que o modo da conversão <strong>de</strong>sse remanescente será único e<br />

sem prece<strong>de</strong>nte; portanto, aqueles que tentam medir tal mistério por<br />

meio <strong>de</strong> seus próprios critérios, não vão acertar. Não há nada mais<br />

perverso do que consi<strong>de</strong>rar como incrível algo que não conseguimos<br />

ver. O apóstolo o chama <strong>de</strong> mistério porque seria ele incompreensível<br />

até ao tempo <strong>de</strong> sua revelação. 23 Todavia, ele nos tem sido posto<br />

diante dos olhos, como o fora aos romanos, a fim <strong>de</strong> que nossa fé se<br />

satisfaça com a Palavra e nos sustente na esperança, até que este<br />

evento se concretize <strong>de</strong> vez.<br />

22 “Ne apud vos superbiatis”; ἵνα μὴ η̑τε παρ ̓ ἑαυτος φρόνιμοι; “ut ne sitis apud vosmetipsos<br />

sapientes – para que não sejais sábios a vossos próprios olhos”, Beza e Piscator. O significado,<br />

como dado por Grotius, é “Para que não penseis ser tão sábios que suponhais<br />

que po<strong>de</strong>is por vosso próprio entendimento conhecer o que está por vir.” Mas o objetivo<br />

do apóstolo parece ter sido evitar egoísmo ante os privilégios que granjearam. A frase<br />

parece ter sido extraída <strong>de</strong> Provérbios 3.7; on<strong>de</strong> a Septuaginta traduz: “a teus próprios<br />

olhos”, ynyb, παρὰ σεαυτ “em ti mesmo”, isto é, em tua própria estima. E este parece ser<br />

seu significado aqui: “Para que não sejais sábios em vossa própria estima”, o que significa:<br />

“Para que não sejais soberbos”, ou exaltados, isto é, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> vossos privilégios<br />

e vantagens superiores agora. A versão <strong>de</strong> Doddridge expressa a idéia: “Para que não<br />

tenhais uma opinião elevada <strong>de</strong>mais a vosso respeito.”<br />

23 O mistério é explicado <strong>de</strong> uma maneira bastante singular. O significado mais óbvio é que o<br />

mistério era o fato da restauração e não da maneira <strong>de</strong>le. Sem dúvida a palavra às vezes significa<br />

o que é obscuro, sublime ou profundo, como “gran<strong>de</strong> é o mistério da pieda<strong>de</strong>” [1Tm<br />

3.16]; aqui, porém, o mistério se faz conhecido, da mesma maneira como Paulo menciona<br />

um fato acerca da ressurreição [1Co 15.51]; e também a vocação dos gentios [Rm 16.25].

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