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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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424 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

quando cremos que Deus, em Cristo, nos é gracioso. Mas é preciso<br />

que notemos bem que a se<strong>de</strong> da fé não está na cabeça, e, sim, no<br />

coração. Não me proponho a argumentar sobre a parte do corpo<br />

na qual a fé se acha localizada; mas, visto que a palavra coração<br />

geralmente significa um afeto sério e sincero, mantenho a tese<br />

<strong>de</strong> que a fé é uma confiança firme e eficaz, e não uma mera idéia<br />

[oriunda da razão].<br />

E com a boca se faz confissão para a salvação. Po<strong>de</strong> parecer<br />

estranho que Paulo agora atribua parte <strong>de</strong> nossa salvação à fé,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter <strong>de</strong>clarado tantas vezes, em ocasiões anteriores, <strong>de</strong><br />

que somos salvos mediante a fé somente. Entretanto, não <strong>de</strong>vemos<br />

concluir <strong>de</strong>ste fato que nossa confissão seja a causa <strong>de</strong> nossa salvação.<br />

O <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> Paulo era unicamente mostrar como Deus efetuou<br />

nossa salvação, ou, seja: ao fazer com que a fé, a qual ele pôs em<br />

nossos corações, se concretize através da confissão. Ele só queria,<br />

<strong>de</strong>veras, enfatizar a natureza da fé genuína, don<strong>de</strong> este fruto emana,<br />

a fim <strong>de</strong> que ninguém <strong>de</strong>sse à própria fé um título sem substância.<br />

A verda<strong>de</strong>ira fé <strong>de</strong>ve acen<strong>de</strong>r no coração a chama do zelo pela<br />

glória <strong>de</strong> Deus como as lavas do vulcão que não po<strong>de</strong>m ser retidas.<br />

Certamente que aqueles que são justificados já se acham <strong>de</strong> posse<br />

da salvação; por isso, tanto crêem com o coração para a salvação<br />

como confessam [a salvação] com seus lábios. Assim vemos que<br />

Paulo faz uma distinção com o intuito <strong>de</strong> fazer referência à causa da<br />

justificação pela fé, bem como para mostrar o que é requerido para<br />

uma salvação plenária. Ninguém po<strong>de</strong> crer com o coração sem confessar<br />

com a boca. Há posto em nós, como conseqüência perpétua<br />

da fé, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer-se confissão com a boca, porém sem<br />

atribuir nossa salvação à confissão.<br />

Aqueles que se vangloriam hoje <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> fé imaginária,<br />

sem conteúdo e escondida no coração, a qual dispensa a confissão<br />

dos lábios, como sendo algo supérfluo e fútil, <strong>de</strong>veriam atentar bem<br />

para a resposta do apóstolo. Porque é completamente irracional<br />

insistir que exista fogo on<strong>de</strong> não existe calor algum.

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