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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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152 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Palavra [Rm 10.17], a causa instrumental; e a glória, tanto da justiça<br />

divina quanto da munificência divina, a causa final.<br />

Com respeito à causa eficiente, o apóstolo diz que somos justificados<br />

gratuitamente, e que somos justificados – o que reforça ainda<br />

mais – por sua graça. Assim, ele usou duas vezes a expressão para<br />

que se saiba que tudo vem <strong>de</strong> Deus, e nada <strong>de</strong> nós mesmos. Teria<br />

sido suficiente confrontar graça e mérito; porém, para impedir que<br />

entretivéssemos a idéia <strong>de</strong> uma justiça truncada, ele firmou ainda<br />

mais nitidamente seu significado por meio <strong>de</strong> repetição, e assim<br />

reivindicou para a misericórdia <strong>de</strong> Deus, exclusivamente, todo o<br />

efeito <strong>de</strong> nossa justiça, a qual os sofistas divi<strong>de</strong>m em duas partes e<br />

mutilam, com o fim <strong>de</strong> não se sentirem constrangidos a admitir sua<br />

própria pobreza.<br />

Mediante a re<strong>de</strong>nção que está em Cristo Jesus. Esta é a causa<br />

material, a saber: o fato <strong>de</strong> que Cristo, mediante sua obediência,<br />

satisfez o juízo do Pai; e ao tomar sobre si nossa causa, livrou-nos<br />

da tirania da morte, por meio da qual fomos mantidos em cativeiro.<br />

Nossa culpa é cancelada pelo sacrifício expiatório por ele oferecido.<br />

Aqui, novamente, a ficção daqueles que fazem da justiça uma qualida<strong>de</strong><br />

[humana] recebe sua melhor refutação. Se somos consi<strong>de</strong>rados<br />

justos diante <strong>de</strong> Deus em razão <strong>de</strong> sermos redimidos mediante um<br />

preço, certamente recebemos <strong>de</strong> outra fonte o que não possuímos.<br />

O apóstolo, logo a seguir, explica mais claramente o valor e objetivo<br />

<strong>de</strong>sta re<strong>de</strong>nção, ou, seja: ela nos reconcilia com Deus, pois ele<br />

chama Cristo <strong>de</strong> propiciação ou (prefiro usar a alusão a uma figura<br />

mais antiga) propiciatório. O que ele preten<strong>de</strong> é que somos justos<br />

somente até on<strong>de</strong> Cristo reconcilia o Pai conosco. Mas <strong>de</strong>vemos<br />

agora examinar o que ele diz. 33<br />

33 Sobre esta palavra ἱλαστήριον, tanto Venema, em suas notas sobre o comentário <strong>de</strong><br />

Stephanus <strong>de</strong> Brais sobre esta Epístola, quanto o prof. Stuart, têm longas observações.<br />

Ambos concordam quanto ao significado da palavra como se acha na Septuaginta e nos<br />

autores gregos, porém discordam quanto à implicação aqui. Ela significa invariavelmente<br />

na Septuaginta o propiciatório, trpk, e como está na forma <strong>de</strong> um adjetivo, tem pelo<br />

menos uma vez [ x 25.17] ἐπίθεμα, cobrir, acrescido. Nos clássicos, porém, significa um

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