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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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332 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

têm prosseguido com seus gemidos por tantas eras, nossa lentidão<br />

ou indolência será inescusável se porventura <strong>de</strong>sfalecermos<br />

no breve curso <strong>de</strong> nossas vidas sombrias. 22<br />

22 As diversas opiniões que se têm apresentado sobre estes versículos são atribuídas em<br />

alguma extensão a Stuart; e ele enumera não menos <strong>de</strong> onze, porém consi<strong>de</strong>ra somente<br />

duas como dignas <strong>de</strong> especial atenção – a criação material, animada e inanimada, como<br />

sustentado aqui por Calvino, e a criação racional, inclusive a humanida<strong>de</strong>, com a exceção<br />

dos cristãos, que ele mesmo sustenta. Em favor da primeira ele evoca Crisóstomo, Teodoreto,<br />

Teofilato, Ecumenio, Jerônimo, Ambrósio, Lutero, Koppe, Doddridge (este não é certo),<br />

Flatt e Tholuck; aos quais po<strong>de</strong>mos acrescentar Scott, Haldane e Chalmers, ainda que Scott,<br />

bastante inconsistente com as palavras do texto, se a criação material significa a inclusão<br />

dos animais, consi<strong>de</strong>ra uma quiméria sua ressurreição; veja-se versículo 21.<br />

Depois <strong>de</strong> um minuto <strong>de</strong> discussão <strong>de</strong> vários pontos, Stuart confessa sua preferência à<br />

opinião <strong>de</strong> que a ‘criatura’ significa o gênero humano em geral, como sendo a menos passível<br />

<strong>de</strong> objeções; e menciona como seus advogados a Lightfoot, Locke, Turrettin, Semler,<br />

Rosenmüller e outros. Ele po<strong>de</strong>ria ter adicionado Agostinho. Para o significado da palavra<br />

‘criatura’ faz-se referência a Marcos 16.15; Colossenses 1.23; e 1 Pedro 2.13.<br />

Transparece <strong>de</strong> Wolfius que a maior parte dos doutores luteranos e reformados tem aceito<br />

a primeira opinião <strong>de</strong> que ‘criatura’ significa o mundo, racional e animal; ao que ele<br />

mesmo principalmente ace<strong>de</strong>; e o que ele consi<strong>de</strong>ra em seguida a isso, como a mais<br />

sustentável, é a noção <strong>de</strong> que ‘criatura’ significa os fiéis, que “os filhos <strong>de</strong> Deus” são os<br />

bem-aventurados no céu, e que os Apóstolos e homens apostólicos eram os que <strong>de</strong>sfrutaram<br />

“as primícias do Espírito”.<br />

Esta última opinião nos poupa das dificulda<strong>de</strong>s que força todas as <strong>de</strong>mais exposições; e<br />

po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senredada das objeções que se lhe têm feito; só a última sentença não precisa<br />

ser introduzida. Toda a passagem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o versículo 18 até o final do versículo 25, está em<br />

sintonia com o estilo usual do Apóstolo. Ele termina a primeira parte com versículo 22;<br />

e então, na segunda parte, ele anuncia a mesma coisa numa forma diferente, em termos<br />

mais explícitos, e com algumas adições. O ‘aguardando’ do versículo 19 tem uma correspondência<br />

com o ‘aguardando’ do versículo 23; e “a esperança” do versículo 20 tem outra<br />

‘esperança’ a correspon<strong>de</strong>r no versículo 24; e correspon<strong>de</strong>nte também é “a manifestação<br />

dos filhos <strong>de</strong> Deus” no versículo 19, e “a re<strong>de</strong>nção <strong>de</strong> nosso corpo” no versículo 23. Reiterar<br />

a mesma verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma forma diferente era provocar uma profunda impressão e<br />

que fosse correspon<strong>de</strong>nte à maneira <strong>de</strong> escrever do Apóstolo. Ele começa a segunda vez,<br />

<strong>de</strong>pois do versículo 22, no qual <strong>de</strong>clara a condição do mundo inteiro; e é só em contraste<br />

com isso que o versículo 23 <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado, o qual relaciona e explica o que foi dito<br />

previamente; <strong>de</strong> modo que “as criaturas” somos “nós mesmos”; e o Apóstolo prossegue<br />

com o tema até o final do versículo 25. Exemplos da mesma sorte <strong>de</strong> arranjo serão encontrados<br />

no capítulo 2.17-24; 11.33-36.<br />

O versículo 21 po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como apenas uma explicação da ‘esperança’, no<br />

final do versículo 20; “Porque ainda as criaturas”, ainda que sujeitas à vaida<strong>de</strong>, “serão<br />

libertadas da escravidão da corrupção”; que significa o mesmo que “este corpo <strong>de</strong><br />

morte” [7.24].<br />

A palavra κτίσις significa 1. a criação, o mundo [Mc 10.6; 13.19; Rm 1.20; 2Pe 3.4]; 2. o que é<br />

criado – criatura que é formada – um edifício, que é instituído – uma or<strong>de</strong>nança [Rm 1.25;<br />

8.39; Hb 4.13; 9.11; 1Pe 2.13]; 3. a humanida<strong>de</strong>, o mundo dos homens [Mc 16.15; Cl 1.23]; 4.<br />

o homem renovado, ou a natureza renovada – os cristãos [2Co 5.17; Gl 6.15]. Há somente<br />

outros dois lugares on<strong>de</strong> ela é encontrada, e é traduzida em nossa versão ‘criação’ [Cl<br />

1.15 e Ap 3.14].

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