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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 10 • 419<br />

ções, contudo tem ali sua habitação, pois ela oferece perdão para a<br />

imperfeição e <strong>de</strong>feitos. Ao longo do capítulo (bem como do quarto),<br />

Moisés envida esforços para enaltecer a infinita benevolência divina<br />

perante seu povo, visto que ele os tomara sob sua disciplina e<br />

governo. Tal celebração não po<strong>de</strong>ria ser aplicada meramente à lei.<br />

Não há problema se Moisés esteja falando ali <strong>de</strong> moldar suas vidas<br />

em consonância com a norma da lei, pois ele conecta o espírito <strong>de</strong><br />

regeneração com a justiça gratuita [<strong>de</strong>corrente] da fé. Ele, pois, infere<br />

um do outro, pois a observância da lei emana da fé em Cristo.<br />

É certo também que este versículo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da seguinte verda<strong>de</strong>:<br />

“O Senhor circuncidará teu coração”, a qual afirmara sucintamente<br />

antes, no mesmo capítulo. Portanto, é algo bem simples <strong>de</strong> refutar<br />

os que dizem que Moisés, nesta passagem, está tratando das boas<br />

obras. Admito que este é o caso, porém mantenho que não há nada<br />

<strong>de</strong> ilógico em <strong>de</strong>rivar a observância da lei <strong>de</strong> sua fonte, ou, seja,<br />

a justiça [<strong>de</strong>corrente] da fé. Agora é o momento <strong>de</strong> buscarmos a<br />

explicação das palavras mesmas. 5<br />

Não perguntes em teu coração: Quem subirá ao céu? Moisés<br />

usa as palavras céu e abismo para sugerir lugares que são absolutamente<br />

remotos e inacessíveis ao homem. Paulo aplica estas<br />

palavras à morte e ressurreição <strong>de</strong> Cristo, como se algum mistério<br />

espiritual subjazesse a elas. Se se alega que esta interpretação é<br />

por <strong>de</strong>mais forçada e engenhosa, <strong>de</strong>vemos lembrar que o tema do<br />

apóstolo não incluía explicar esta passagem com exatidão, mas só<br />

aplicá-la a seu tratamento do tema em questão. Portanto, ele não<br />

5 Parece não haver necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recorrer às distinções feitas na seção anterior. O caráter<br />

da citação dada é corretamente <strong>de</strong>scrito nas palavras <strong>de</strong> Crisóstomo, como citadas<br />

por Poole: “Paulus ea transtulit et aptavit ad justitiam fi<strong>de</strong>i – Paulo transferiu e acomodou<br />

essas coisas à justiça [proce<strong>de</strong>nte] da fé.” Ele evi<strong>de</strong>ntemente emprestou as palavras<br />

<strong>de</strong> Moisés, não literalmente, mas substancialmente, com o propósito <strong>de</strong> estabelecer a<br />

verda<strong>de</strong> que ele estava compendiando. O orador não é Moisés, mas “a justiça da fé”,<br />

representada como uma pessoa. Lutero, como citado por Wolfius, diz que “Paulo, sob a<br />

influência do Espírito, tomou <strong>de</strong> Moisés a ocasião <strong>de</strong> formar, por assim dizer, um novo<br />

e a<strong>de</strong>quado texto contra os judiciários.” Parece ser uma aplicação, à guisa <strong>de</strong> analogia,<br />

das palavras <strong>de</strong> Moisés para o evangelho, e não um testemunho confirmatório. Chalmers<br />

hesita sobre o tema; mas Pareus, Wolfius, Turrettin e Doddridge consi<strong>de</strong>ram as palavras<br />

como aplicadas à guisa <strong>de</strong> acomodação.

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