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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 8 • 325<br />

não que o termo latino contestatio contenha um sentido distinto.<br />

A intenção <strong>de</strong> Paulo é que o Espírito <strong>de</strong> Deus nos comunica seu<br />

testemunho <strong>de</strong> que ao nosso espírito é assegurada a adoção<br />

divina, tão logo se torna o nosso Guia e Mestre. Nossa mente,<br />

por iniciativa própria, jamais nos comunicaria tal segurança se o<br />

testemunho do Espírito não a prece<strong>de</strong>sse. Temos aqui, também,<br />

uma explicação da cláusula anterior, pois quando o Espírito nos<br />

testifica que somos filhos <strong>de</strong> Deus, ele, ao mesmo tempo, imprime<br />

esta confiança em nossos corações, para que ousemos invocar a<br />

Deus como nosso Pai. E assim é, porquanto, visto que tão-somente<br />

a confiança do coração po<strong>de</strong> abrir nossos lábios, nossas línguas<br />

serão mudas para pronunciar orações, a não ser que o Espírito<br />

dê testemunho ao nosso coração a respeito do amor paternal <strong>de</strong><br />

Deus. E assim <strong>de</strong>vemos manter firme o princípio <strong>de</strong> que não po<strong>de</strong>mos<br />

orar a Deus apropriadamente se não formos persuadidos<br />

pela certeza <strong>de</strong> nossos corações <strong>de</strong> que ele é nosso Pai quando<br />

o invocarmos como tal. Junto a este princípio há outro, ou seja:<br />

nossa fé só po<strong>de</strong> ser comprovada pelo ato <strong>de</strong> invocarmos a Deus.<br />

Portanto, não é sem razão que o apóstolo nos lembra este teste e<br />

nos mostra que é somente quando os que abraçaram a promessa<br />

da graça se exercitam na oração é que percebem quão séria é a<br />

fé <strong>de</strong> cada crente. 19<br />

A presente passagem se presta como excelente refutação dos<br />

sombrios argumentos dos sofistas relativos à conjectura moral, a<br />

qual outra coisa não é senão a incerteza e ansieda<strong>de</strong> da mente,<br />

ou, antes, insegurança e frustração. Ao mesmo tempo, apresenta-<br />

-se aqui uma resposta à sua objeção, quando perguntam: como<br />

é possível a alguém ter plena certeza <strong>de</strong> conhecer a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Deus? Entretanto, esta certeza não vem do próprio indivíduo, senão<br />

que proce<strong>de</strong> do testemunho do Espírito <strong>de</strong> Deus, como o apóstolo<br />

19 As palavras αὐτὸ τὸ πνευ̑μα parecem significar o Espírito divino. A referência é a “o Espírito<br />

<strong>de</strong> Deus” no versículo 14; “Este mesmo Espírito” ou “Ele o Espírito”; pois assim po<strong>de</strong> ser<br />

traduzido αὐτὸς, ou αὐτο, especialmente quando o artigo interfere entre ela e seu substantivo.<br />

Vejam-se Lucas 24.15; João 16.27.

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