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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 3 • 143<br />

forma. Portanto, é uma memorável verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> primeira gran<strong>de</strong>za,<br />

a saber, que ninguém é capaz <strong>de</strong> alcançar a justiça pela observação<br />

da lei. Paulo apresentou sua razão para isso, e no presente texto ele<br />

o reiterará, ou, seja: todos os homens, sem exceção, são culpados<br />

<strong>de</strong> transgressão, e estão todos con<strong>de</strong>nados pela lei como injustos.<br />

Estas duas proposições – ser justificado pelas obras e ser culpado <strong>de</strong><br />

transgressão – são opostas entre si, como veremos mais claramente<br />

a seguir. O termo carne, se não for particularmente especificado,<br />

significa simplesmente homens, 22 embora pareça comunicar um<br />

sentido um tanto mais geral, assim como é mais expressivo dizer<br />

todos os mortais, do que dizer todos os homens, segundo encontramos<br />

em Gálio.<br />

Pois é através da lei que vem o conhecimento do pecado. O<br />

apóstolo argumenta partindo dos opostos, ou, seja: não po<strong>de</strong>mos<br />

obter justiça [proveniente] da lei, visto que ela nos convence do<br />

pecado e con<strong>de</strong>nação, já que vida e morte não po<strong>de</strong>m resultar da<br />

mesma fonte. Seu argumento com base no efeito oposto da lei, <strong>de</strong> que<br />

a mesma não po<strong>de</strong> conferir-nos justiça, só tem sólido fundamento se<br />

sustentarmos que é uma circunstância inseparável e invariável da lei<br />

revelar ao homem seu pecado e eliminar sua esperança <strong>de</strong> salvação.<br />

Visto que a lei nos ensina o que é justiça, ela é inerentemente o caminho<br />

da salvação; porém, <strong>de</strong>vido a nossa <strong>de</strong>pravação e corrupção,<br />

ela <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser-nos <strong>de</strong> algum valor neste aspecto. Em segundo plano,<br />

é necessário acrescentar o seguinte: qualquer pessoa que se sente<br />

convicta <strong>de</strong> pecado é também privada <strong>de</strong> qualquer justiça. É frívolo<br />

inventar, como fazem os sofistas, uma meia-justiça, <strong>de</strong> modo que a<br />

justificação se processe em parte pelas obras. A corrupção humana<br />

<strong>de</strong>strói qualquer possibilida<strong>de</strong> nessa direção.<br />

22 A expressão é ὀυ ... πα̑ρα σάρξ – nem todos, isto é, não qualquer carne etc.; a palavra πα̑σα,<br />

como lk em hebraico, é usada no sentido <strong>de</strong> ‘qualquer’. A sentença contém uma semelhança<br />

que se acha contida no Salmo 143.2: “porque a teus olhos não se achará justo<br />

nenhum vivente”, ou sequer um vivente, yjlk...al. A sentença aqui é literalmente “Daí por<br />

obras da lei nenhuma carne será justificada diante <strong>de</strong>le.”

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