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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 7 • 287<br />

Em contrapartida, entre os piedosos a regeneração <strong>de</strong> Deus já teve<br />

início. Entretanto, sentem-se tão divididos que, embora aspirem a<br />

Deus com especial <strong>de</strong>voção em seus corações, embora busquem a<br />

justiça celestial e o<strong>de</strong>iem o pecado, todavia sentem-se atraídos para<br />

as coisas terrenas por causa dos resíduos <strong>de</strong> sua carne. Conseqüentemente,<br />

neste estado <strong>de</strong> distração, lutam contra sua própria natureza<br />

e sentem-na lutar igualmente contra eles. Con<strong>de</strong>nam seus pecados,<br />

não só porque são compelidos pelos juízos da razão, mas porque<br />

os aborrecem com genuíno sentimento do coração <strong>de</strong>testando sua<br />

conduta na concretização do pecado em si mesmos. Esta é a guerra<br />

que o cristão trava entre a carne e o espírito, da qual Paulo fala em<br />

Gálatas 5.17.<br />

Portanto, tem-se dito bem que o homem carnal se precipita para<br />

o pecado com o consentimento e concorrência <strong>de</strong> toda a sua alma,<br />

mas que inicia-se um forte conflito tão logo é chamado pelo Senhor<br />

e renovado pelo Espírito. Nesta presente vida, a regeneração só<br />

começa. Os resíduos da carne, que ainda ficam, vão acompanhar<br />

sempre as inclinações corruptas, e por isso uma verda<strong>de</strong>ira batalha<br />

travar-se-á contra o Espírito.<br />

Os inexperientes, que não levam em consi<strong>de</strong>ração o tema tratado<br />

aqui pelo apóstolo, ou o plano que ele está a seguir, supõem que é<br />

a natureza humana que ele está <strong>de</strong>screvendo. É verda<strong>de</strong> que entre<br />

os filósofos encontramos tal <strong>de</strong>scrição da capacida<strong>de</strong> humana. A<br />

Escritura, contudo, é muito mais profunda em sua própria filosofia,<br />

pois ela vê que nada, senão perversida<strong>de</strong>, permaneceu no coração<br />

humano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que Adão ficou privado da imagem divina. Portanto,<br />

quando os sofistas <strong>de</strong>sejam <strong>de</strong>finir o livre-arbítrio, ou avaliar a capacida<strong>de</strong><br />

da natureza humana, eles se apegam a esta passagem. Paulo,<br />

porém, como já afirmei, não está, aqui, <strong>de</strong>screvendo a mera natureza<br />

humana, senão que está representando, em sua própria pessoa, o<br />

caráter e extensão da fragilida<strong>de</strong> dos crentes. Agostinho, por algum<br />

tempo, se viu envolvido no mesmo erro; porém, após um exame mais<br />

acurado da passagem, não só retratou-se do falso ensino que havia

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