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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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346 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

da eleição secreta, como sendo inferior a ela. Po<strong>de</strong>-se alegar que<br />

ninguém tem conhecimento algum da condição que Deus <strong>de</strong>signou<br />

a cada indivíduo. Portanto, para evitar isto, o apóstolo diz que Deus,<br />

através <strong>de</strong> seu chamado, testifica publicamente <strong>de</strong> seu propósito<br />

oculto. Este testemunho, contudo, não consiste só na pregação<br />

externa, mas tem também o po<strong>de</strong>r do Espírito conectado a ela, pois<br />

Paulo está tratando com os eleitos, a quem Deus não só compele por<br />

meio <strong>de</strong> sua Palavra falada, mas também convence interiormente.<br />

A justificação, aqui, po<strong>de</strong> muito bem ser entendida como que<br />

incluindo a continuida<strong>de</strong> do favor divino <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o tempo da vocação<br />

do crente até sua morte. Mas, visto que Paulo usa esta palavra ao<br />

longo da Epístola, no sentido da imerecida imputação da justiça, não<br />

há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nos apartarmos <strong>de</strong>ste significado. O propósito<br />

<strong>de</strong> Paulo é mostrar que a compensação que nos é oferecida é por<br />

<strong>de</strong>mais preciosa para permitir-nos enfrentar com ânimo as aflições.<br />

O que é mais <strong>de</strong>sejável que ser reconciliado com Deus, <strong>de</strong> modo que<br />

nossas misérias não mais sejam sinais da maldição divina, nem nos<br />

conduzam à <strong>de</strong>struição?<br />

O apóstolo acrescenta que aqueles que se vêem oprimidos pela<br />

cruz serão glorificados, <strong>de</strong> modo que seus sofrimentos e opróbrios<br />

não lhes produzam dano algum. Embora a glorificação só foi exibida<br />

em nosso Cabeça, todavia, visto que agora percebemos nele a<br />

herança da vida eterna, sua glória nos traz uma segurança tal <strong>de</strong><br />

nossa própria glória, que a nossa esperança po<strong>de</strong> muito bem ser<br />

comparada a uma possessão já presente.<br />

Deve-se acrescentar ainda que o apóstolo empregou um hebraísmo<br />

e usou o tempo passado dos verbos, em vez do tempo presente. 33<br />

O que ele preten<strong>de</strong> é, quase certo, um ato contínuo; por exemplo:<br />

“Aqueles a quem Deus agora educa sob a cruz, segundo seu conselho,<br />

ele chama e justifica, ato contínuo, para a esperança da salvação;<br />

33 Turrettin apresenta uma razão um pouco diferente: “Paulo fala <strong>de</strong>ssas coisas como passadas,<br />

porque elas são como se já estivessem cumpridas no <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> Deus e a fim <strong>de</strong><br />

mostrar a certeza <strong>de</strong> seu cumprimento.”

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