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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 1 • 47<br />

na imediatamente. Além disso, ele não só <strong>de</strong>clara, por meio <strong>de</strong>ssas<br />

expressões, que Cristo possuía carne real, mas também faz a clara distinção<br />

entre as naturezas humana e divina <strong>de</strong> Cristo, refutando assim o<br />

blasfemo absurdo <strong>de</strong> Serveto, o qual <strong>de</strong>terminou que a carne <strong>de</strong> Cristo<br />

era composta <strong>de</strong> três elementos não criados.<br />

4. Declarado 9 Filho <strong>de</strong> Deus. Ou <strong>de</strong>terminado [<strong>de</strong>finitus]. Paulo<br />

está dizendo que o po<strong>de</strong>r da ressurreição representava o <strong>de</strong>creto pelo<br />

9 “Declaratus”, ὁρισθέντος. Alguns dos antigos, tais como Orígenes, Crisóstomo, Cirilo e outros<br />

<strong>de</strong>ram a este verbo o significado <strong>de</strong> “provado – δειχθέντος”; “<strong>de</strong>monstrado – ἀποφανθέντος”;<br />

“exibido – ἀποδειχθέντος” etc. Mas diz-se que a palavra não tem esse significado no Novo<br />

Testamento, e que ela significa: limitado, <strong>de</strong>terminado, <strong>de</strong>cretado, consti tuído. Além daqui,<br />

ela só é encontrada em Lucas 22.22; Atos 2.23; 10.42; 11.29; 17.26; Hebreus 4.7. A palavra<br />

<strong>de</strong>terminado ou constituído, caso seja adotada aqui, equivaleria a mesma coisa, ou, seja, que<br />

Cristo foi visivelmente <strong>de</strong>terminado ou constituído o Filho <strong>de</strong> Deus através da ressurreição<br />

ou por meio daquele evento. Foi isso que o fixou, estabeleceu, <strong>de</strong>terminou e manifestamente<br />

o exibiu como o Filho <strong>de</strong> Deus, vestido e adornado com seu próprio po<strong>de</strong>r.<br />

O Professor Stuart tem evocado um número <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s em conexão com este versículo,<br />

para as quais tudo indica não haver nenhuma razão sólida. A frase, o Filho <strong>de</strong> Deus, é sobejamente<br />

conhecida à luz do uso da Escritura, não existe nenhuma dificulda<strong>de</strong> a ela relacionada.<br />

A frase completa é o Filho Unigênito. Dizer que a ressurreição <strong>de</strong> Cristo não era evidência<br />

<strong>de</strong> sua natureza divina, visto que Lázaro e outros foram ressuscitados <strong>de</strong>ntre os mortos,<br />

<strong>de</strong>veras parece bastante estranho. Lázaro ressuscitou através <strong>de</strong> seu próprio po<strong>de</strong>r? Lázaro<br />

ressuscitou para nossa justificação? Foi sua ressurreição uma atestação <strong>de</strong> alguma coisa que<br />

havia previamente <strong>de</strong>clarado? O Rev. A. Barnes mui justamente diz que as circunstâncias conectadas<br />

a Cristo foram as que tornaram sua ressurreição uma prova <strong>de</strong> sua divinda<strong>de</strong>.<br />

O Professor Hodge apresenta o que ele consi<strong>de</strong>ra a conseqüência <strong>de</strong>sses dois versículos<br />

nestas palavras: “Jesus Cristo foi, quanto a sua natureza humana, o Filho <strong>de</strong> Davi; mas foi<br />

claramente <strong>de</strong>monstrado ser ele, quanto a sua natureza divina, o Filho <strong>de</strong> Deus, mediante a<br />

ressurreição <strong>de</strong>ntre os mortos.” Este ponto <strong>de</strong> vista é assumido por muitos, tais como Pareus,<br />

Beza, Turrettin e outros. Mas as palavras: “segundo o Espírito <strong>de</strong> santida<strong>de</strong>” – κατὰ πνευ̑μα<br />

ἁγιωσύνης – são tomadas por outros em outro sentido, como significando o Espírito Santo.<br />

Como a frase não se encontra em nenhum outro lugar, ela po<strong>de</strong> ser tomada em um dos dois<br />

sentidos. É evi<strong>de</strong>nte que a natureza divina <strong>de</strong> Cristo é chamada Espírito. Vejam-se 1 Coríntios<br />

14.45; 2 Coríntios 3.17; Hebreus 9.14; 1 Pedro 3.18. Doddridge, Scott e Chalmers consi<strong>de</strong>ram o<br />

Espírito Santo como estando subentendido. O último formula esta paráfrase: “Declarado ou<br />

<strong>de</strong>terminadamente <strong>de</strong>stinado a ser o Filho <strong>de</strong> Deus e com po<strong>de</strong>r. O fato foi <strong>de</strong>monstrado por<br />

meio <strong>de</strong> uma evidência, cuja exibição requeria uma manifestação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, o que Paulo em<br />

outro lugar representa como um exercício muito gran<strong>de</strong> e tenaz: “Segundo a operação <strong>de</strong><br />

seu po<strong>de</strong>roso po<strong>de</strong>r quando o ressuscitou <strong>de</strong>ntre os mortos” – O Espírito <strong>de</strong> Santida<strong>de</strong>, ou<br />

o Espírito Santo. Foi através da operação do Espírito Santo que a natureza divina foi infusa<br />

na humana no nascimento <strong>de</strong> Cristo; e o mesmo agente, <strong>de</strong>ve-se observar, foi empregado na<br />

obra da ressurreição. “Morto na carne”, diz Pedro, “porém vivificado pelo Espírito.” Só temos<br />

a ver com os fatos do caso. Ele <strong>de</strong>monstrou ser o Filho <strong>de</strong> Deus pelo po<strong>de</strong>r do Espírito Santo,<br />

tendo sido apresentado ao ressuscitá-lo <strong>de</strong>ntre os mortos.” Quanto ao caso genitivo <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> ‘ressurreição’, veja-se um exemplo semelhante em Atos 17.32.<br />

A idéia <strong>de</strong>duzida por Calvino, o que ele chama aqui <strong>de</strong> “o Espírito <strong>de</strong> Santida<strong>de</strong>”, em<br />

virtu<strong>de</strong> da santida<strong>de</strong> que ele opera em nós, não parece bem fundamentada, ainda que<br />

<strong>de</strong>senvolvida por Teodoreto e Agostinho.

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