17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

116 Direito Constitucional • Moraes<br />

por essa explícita razão, <strong>de</strong> qualquer aptidão jurídico-material. Prova ilícita, sendo<br />

providência instrutória eivada <strong>de</strong> in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong>, apresenta-se <strong>de</strong>stituída <strong>de</strong><br />

qualquer grau, por mínimo que seja, <strong>de</strong> eficácia jurídica. Tenho tido a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> enfatizar, neste Tribunal, que a Exclusionary Rule, consi<strong>de</strong>rada essencial pela<br />

jurisprudência da Suprema Corte dos Estados Unidos da América na <strong>de</strong>finição dos<br />

limites da ativida<strong>de</strong> probatória <strong>de</strong>senvolvida pelo Estado, <strong>de</strong>stina-se, na abrangência<br />

<strong>de</strong> seu conteúdo, e pelo banimento processual <strong>de</strong> evidência ilicitamente coligidas, a<br />

proteger os réus criminais contra a ilegítima produção ou a ilegal colheita <strong>de</strong> prova<br />

incriminadora (Garrityv. NewJersey, 385U.S. 493,1967; Mappv. Ohio, 367U.S.<br />

643,1961; WongSun v. United States, 371 U.S. 471,1962, v.g.)” .<br />

Saliente-se, porém, que a doutrina <strong>constitucional</strong> passou a atenuar a vedação das<br />

provas üícitas, visando corrigir distorções a que a rigi<strong>de</strong>z da exclusão po<strong>de</strong>ria levar em<br />

casos <strong>de</strong> excepcional gravida<strong>de</strong>. Esta atenuação prevê, com base no Princípio da Proporcionalida<strong>de</strong>,<br />

hipóteses em que as provas ilícitas, em caráter excepcional e em casos<br />

extremamente graves, po<strong>de</strong>rão ser utilizadas, pois nenhuma liberda<strong>de</strong> pública é absoluta,<br />

havendo possibilida<strong>de</strong>, em casos <strong>de</strong>licados, em que se percebe que o <strong>direito</strong> tutelado é mais<br />

importante que o <strong>direito</strong> à intimida<strong>de</strong>, segredo, liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação, por exemplo,<br />

<strong>de</strong> permitir-se sua utilização.<br />

A concepção atual da teoria da proporcionalida<strong>de</strong>, conforme aponta Luiz Francisco<br />

Torquato Avolio,<br />

“é, pois, dotada <strong>de</strong> um sentido técnico no <strong>direito</strong> público a teoria do <strong>direito</strong> germânico,<br />

correspon<strong>de</strong>nte a uma limitação do po<strong>de</strong>r estatal embenef ício da garantia <strong>de</strong><br />

integrida<strong>de</strong> física e moral dos que lhe estão sub-rogados (...). Para que o Estado,<br />

em sua ativida<strong>de</strong>, atenda aos interesses da maioria, respeitando os <strong>direito</strong>s individuais<br />

f undamentais, se faz necessário não só a existência <strong>de</strong> normas para pautar<br />

essa ativida<strong>de</strong> e que, em certos casos, nem mesmo a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma maioria po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>rrogar (Estado <strong>de</strong> Direito), como também há <strong>de</strong> se reconhecer e lançar mão <strong>de</strong><br />

um princípio regulativo para se pon<strong>de</strong>rar até que ponto se vai dar preferência ao<br />

todo ou às partes (Princípio da Proporcionalida<strong>de</strong>), o que também não po<strong>de</strong> ir além<br />

<strong>de</strong> um certo limite, para não retirar o mínimo necessário a uma existência humana<br />

digna <strong>de</strong> ser chamada assim”.1<br />

Na jurisprudência pátria,12 somente se aplica o princípio da proporcionalida<strong>de</strong> pro<br />

reo, enten<strong>de</strong>ndo-se que a ilicitu<strong>de</strong> é eliminada por causas exclu<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> ilicitu<strong>de</strong>, em prol<br />

do princípio da inocência.3<br />

Desta forma, repita-se que a regra <strong>de</strong>ve ser a inadmissibilida<strong>de</strong> das provas obtidas<br />

por meios ilícitos, que só excepcionalmente <strong>de</strong>verão ser admitidas em juízo, em respeito<br />

às liberda<strong>de</strong>s públicas e ao princípio da dignida<strong>de</strong> humana na colheita <strong>de</strong> provas e na<br />

própria persecução penal do Estado.4<br />

1 AVOLIO, Luiz Torquato. Provas ilícitas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995. p. 53.<br />

2 RJTJSP, Lex, 138/526.<br />

3 STF - I a T. - HC n2 74.678-DF - Rei. Min. M oreira Alves - Informativo STF, n2 75.<br />

4 Cf. ampla análise sobre a Teoria das Provas Ilícitas na <strong>de</strong>cisão do Ministro Celso <strong>de</strong> M ello (STF - Rextr. n D<br />

251.445-4/GO). Conferir, ainda: S T J - 5 aT .- H C 104005/RJ - Rei. Min. Jorge Mussi, <strong>de</strong>cisão: 8-11-2011.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!