17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

700 Direito Constitucional • Moraes<br />

convertê-la em lei, por ausência dos pressupostos constitucionais.1Excepcionalmente,<br />

porém, quando presente <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> finalida<strong>de</strong> ou abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> legislar, por flagrante<br />

inocorrência da urgência e relevância, po<strong>de</strong>rá o Po<strong>de</strong>r Judiciário a<strong>de</strong>ntrar a esfera discricionária<br />

do Presi<strong>de</strong>nte da República, garantindo-se a supremacia <strong>constitucional</strong>.12 Como<br />

ressaltado pelo Ministro Celso <strong>de</strong> Mello, “A mera possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliação arbitrária<br />

daqueles pressupostos (relevância e urgência), pelo Chefe do Po<strong>de</strong>r Executivo, constitui<br />

razão bastante para justificar o controle jurisdicional. O reconhecimento <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong><br />

jurisdicional, que pré-excluísse <strong>de</strong> apreciação judicial o exame <strong>de</strong> tais pressupostos, caso<br />

admitido fosse, implicaria consagrar, <strong>de</strong> modo inaceitável, em favor do Presi<strong>de</strong>nte da<br />

República, uma ilimitada expansão <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r para editar medidas provisórias, sem<br />

qualquer possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle, o que se revelaria incompatível com o nosso sistema<br />

<strong>constitucional</strong>”.3<br />

O Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral já fixou o entendimento <strong>de</strong> que, se a medida provisória,<br />

no caso <strong>de</strong> não manifestação do Congresso, vier a ser reeditada, ou vier a ser convertida<br />

em lei, será necessário que o autor adite pedido <strong>de</strong> extensão da ação direta proposta à<br />

nova medida provisória ou à lei <strong>de</strong> conversão, para que a in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong> arguida<br />

possa ser apreciada, inclusive no tocante à medida liminar requerida. Tal posicionamento<br />

<strong>de</strong>corre da circunstância <strong>de</strong> que a ação direta <strong>de</strong> in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong> per<strong>de</strong> o seu objeto<br />

quando o ato normativo impugnado <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> vigorar, o que ocorre com a medida provisória<br />

que, para não ter sua eficácia temporária <strong>de</strong>sconstituída ex tunc, necessita <strong>de</strong> que<br />

seu conteúdo seja objeto <strong>de</strong> nova medida provisória ou <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> conversão, hipóteses em<br />

que o ato normativo em vigor será essa nova medida provisória ou a lei <strong>de</strong> conversão.4<br />

A conversão da medida provisória em lei, sem alterações em seu conteúdo, não acarretará<br />

a prejudicialida<strong>de</strong> da ação direta <strong>de</strong> in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong> material da mesma,<br />

posto que sua aprovação e promulgação integrais apenas transformaram-se em espécie<br />

normativa <strong>de</strong>finitiva, com eficácia extunce sem solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>, preservado seu<br />

conteúdo original.5<br />

1 STF - “Contrariamente ao sustentado na inicial, não cabe ao Po<strong>de</strong>r Judiciário aquilatar a presença ou não,<br />

dos critérios <strong>de</strong> relevância e urgência exigidos pela Constituição para a edição da medida provisória (cf. ADIs<br />

162, 526,1.397 e 1.417)" (Pleno - Adin nQ1.667-9 - m edida liminar - Rei. Min. lim ar G alvão, Diário da Justiça,<br />

Seção 1,21 nov. 1997, p. 60.586). No mesmo sentido, afirm ou o Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral: “pacífica a jurisprudência<br />

da Corte, no sentido <strong>de</strong> lhe <strong>de</strong>scaber o exam e da relevância e da urgência, com o requisitos da M edida<br />

Provisória (art. 62 da CF), quando <strong>de</strong>pendam <strong>de</strong> avaliação subjetiva - e não m eram ente objetiva - com o ocorre<br />

no caso presente” (STF - Pleno - Adin n- 1.754-9/DF - m edida liminar - Rei. Min. Sydney Sanches, Diário da<br />

Justiça, Seção I, 6 ago. 1999, p. 5).<br />

2 Nesse sentido <strong>de</strong>cidiu o STF que “Requisitos <strong>de</strong> urgência e relevância: caráter político: em princípio, a sua<br />

apreciação fica por conta dos Po<strong>de</strong>res Executivo e Legislativa Todavia, se tais requisitos - relevância e urgência -<br />

evi<strong>de</strong>nciarem-se improce<strong>de</strong>ntes, no controle judicial, o Tribunal <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>cidir pela ilegitim ida<strong>de</strong> <strong>constitucional</strong><br />

da m edida provisória” (STF - Pleno - Adin n- 1.647-4/PA- Rei. Min. Carlos Velloso, Diário da Justiça, Seção I,<br />

26 mar. 1999, capa). No mesmo sentido: S T F - 2 a T. - Rextr. na 2 2 2 .7 1 9 -l/ P B -R el. Min. Carlos Velloso, Diário<br />

da Justiça, Seção 1,26 mar. 1999, p. 19. STF - Pleno - ADI na 2213/DF - m edida cautelar - Rei. Min. Celso <strong>de</strong><br />

M ello, Diário da Justiça, Seção 1,23 abr. 2004, p. 7.<br />

3 RTJ 151/331 355.<br />

4 S T F - P le n o - A d in na 1.250-9/DF, Rei. Min. M oreira Alves, Diário da Justiça, Seção 1,6 set. 1995, p. 28.252;<br />

STF - Pleno - Adin na 1.125-1 - m edida liminar - Rei. Carlos Velloso, Diário da Justiça, Seção 1,31 mar. 1995,<br />

p. 7.773.<br />

5 Nesse sentido: KTJ140/797.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!