17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

6 5 6 Direito Constitucional • Moraes<br />

7 ADVOCACIA<br />

A Constituição <strong>de</strong> 1988 erigiu a princípio <strong>constitucional</strong> a indispensabilida<strong>de</strong> e a<br />

imunida<strong>de</strong> do advogado, prescrevendo em seu art. 133: “O advogado é indispensável à<br />

administração da Justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da<br />

profissão, nos limites da lei.” Tal previsão coaduna-se com a necessária intervenção e participação<br />

da nobre classe dos advogados na vida <strong>de</strong> um Estado <strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong> <strong>direito</strong> e,<br />

como salientado pelo Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, “na aplicação e <strong>de</strong>fesa da or<strong>de</strong>m jurídica,<br />

razão pela qual o constituinte o proclamara indispensável à administração da Justiça”.1<br />

7.1 Indispensabilida<strong>de</strong> do advogado<br />

O princípio <strong>constitucional</strong> da indispensabilida<strong>de</strong> da intervenção do advogado, previsto<br />

no art. 133 da Carta Maior, não é absoluto. Assim, apesar <strong>de</strong> constituir fator importantíssimo<br />

a presença do advogado no processo, para garantia dos <strong>direito</strong>s e liberda<strong>de</strong>s públicas<br />

previstos na Constituição Fe<strong>de</strong>ral e em todo o or<strong>de</strong>namento jurídico, continua existindo<br />

a possibilida<strong>de</strong> excepcional da lei outorgar o ius postulandi a qualquer pessoa, como já<br />

ocorre no habeas corpus e na revisão criminal.12<br />

Assim, a revisão criminal, mesmo após a Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> subscrição <strong>de</strong> advogado, quando requerida pessoalmente pelos legitimados, segundo<br />

o art. 623 do Código <strong>de</strong> Processo Penal. Porém, se for requerida por procurador, este há<br />

<strong>de</strong> ser advogado.3 O mesmo ocorre com o habeas corpus, pois sua interposição há que ser<br />

feita à luz do princípio do <strong>direito</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa assegurada <strong>constitucional</strong>mente (art. 5S, LX)<br />

que inclui, sem sombra <strong>de</strong> dúvida, o <strong>direito</strong> à auto<strong>de</strong>fesa.4<br />

O advogado <strong>de</strong>ve comprovar sua efetiva habilitação profissional, <strong>de</strong>monstrando a<br />

regularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua inscrição na Or<strong>de</strong>m dos Advogados do Brasil, sob pena <strong>de</strong> inexistência<br />

dos atos processuais praticados,5 tendo <strong>de</strong>clarado o Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral a plena<br />

<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong> da exigência do <strong>de</strong>nonimado “exame da OAB” para o exercício da<br />

profissão, pela presença do juízo <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong> em “assegurar que as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

risco sejam <strong>de</strong>sempenhadas por pessoas com conhecimento técnico suficiente, <strong>de</strong> modo a<br />

evitar danos a coletivida<strong>de</strong>”, e, <strong>de</strong>ssa forma, “a aprovação do candidato seria elemento a<br />

qualificá-lo para o exercício profissional”, pois o “exame da OAB atestaria conhecimentos<br />

jurídicos, o que seria congruente com o fim pretendido pela realida<strong>de</strong> brasileira”.6<br />

1 S T F - P le n o - R E 6 0 3 583/R S -R ei. Min. Marco Aurélio, <strong>de</strong>cisão: 26-10-2011.<br />

2 S T F -P e tiç ã o n° 1.127-9/SP - Rei. M ia lim ar Galvão, Diário d a Justiça, Seção 1 ,1 abr. 1996, p. 9.817; STF<br />

- Revisão Criminal n° 4.886, Rei. para o acórdão o M ia Celso <strong>de</strong> M ello - KTJ 146/49; STF - Revisão Criminal<br />

n° 5.177-1/RJ, Rei. M ia Celso <strong>de</strong> Mello, Diário da Justiça, Seção 1, 5 mar. 1996, p. 5.514; STF -Habeas corpos<br />

n° 73.355-7/SP - Rei. Min. Carlos Velloso, Diário da Justiça, Seção 1,29 mar. 1996, p. 9.347.<br />

3 KTJ 154/603.<br />

4 STJ - 5a T. - RHC n2 1.701 - CE - Rei. Min. Flaquer Scartezzini - v.u. - DJÍ/, 4 m aio 1992, p. 5.895.<br />

5 STF - Pleno - Emb. Decl. em MS n° 21.730-1 - AgRg/DF - v.u. - Rei. M in. C elso <strong>de</strong> M ello, Diário da Justiça,<br />

Seção I, 22 abr. 1994, p. 8.942; STF - RE n2 464.963/GO - Rei. Min. Gilmar Men<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>cisão: 30-6-2006 - Informativo<br />

STF n2 434.<br />

6 STF - Pleno - RE 603583/RS - Rei. Min. Marco Aurélio, <strong>de</strong>cisão: 26-10-2011.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!