17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

3 5 2 Direito Constitucional • Moraes<br />

autarquia e fundação, para aplicação no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> programas <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong>, treinamento e <strong>de</strong>senvolvimento, mo<strong>de</strong>rnização,<br />

reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob a forma <strong>de</strong><br />

adicional <strong>de</strong> prêmio <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>.<br />

2.5.5 Aplicabilida<strong>de</strong> e fiscalização<br />

A Emenda Constitucional na 19/98 não só introduziu expressamente na Constituição<br />

Fe<strong>de</strong>ral o princípio da eficiência, como também trouxe alterações no sentido <strong>de</strong> garantir-<br />

-lhe plena aplicabilida<strong>de</strong> e efetivida<strong>de</strong>.<br />

Assim, estabeleceu nova redação ao § 3a do art. 37, que prevê que a lei disciplinará as<br />

formas <strong>de</strong> participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando<br />

especialmente as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas<br />

a manutenção <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> atendimento ao usuário e a avaliação periódica,<br />

externa e interna, da qualida<strong>de</strong> dos serviços; o acesso dos usuários a registros administrativos<br />

e a informações sobre atos <strong>de</strong> governo, observado o disposto no art. 5°, X e XXXIII; e<br />

a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo <strong>de</strong> cargo, emprego<br />

ou função na administração pública.<br />

No § 2a do art. 39, a Emenda Constitucional na 19/98 passou a estabelecer que a<br />

União, os Estados e o Distrito Fe<strong>de</strong>ral manterão escolas <strong>de</strong> governo para a formação e o<br />

aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um<br />

dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração <strong>de</strong> convênios<br />

ou contratos entre os entes fe<strong>de</strong>rados; enquanto, no § 4a do art. 41, previu-se como<br />

condição obrigatória para a aquisição da estabilida<strong>de</strong> a avaliação especial <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho<br />

por comissão instituída para essa finalida<strong>de</strong>. Apesar da inexistência <strong>de</strong> obrigatorieda<strong>de</strong><br />

<strong>constitucional</strong> dos Municípios instituírem e manterem escolas <strong>de</strong> governo, nos mol<strong>de</strong>s<br />

já citados, nada impe<strong>de</strong> que legislativamente adiram à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> aumentar a eficiência da<br />

administração pública.<br />

Por fim, o princípio da eficiência veio reforçado pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perda do cargo<br />

pelo servidor público, mediante procedimento <strong>de</strong> avaliação periódica <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, na<br />

forma <strong>de</strong> lei complementar, assegurada ampla <strong>de</strong>fesa.<br />

Lembremo-nos <strong>de</strong> que o princípio da eficiência, enquanto norma <strong>constitucional</strong>,<br />

apresenta-se como o contexto necessário para todas as leis, atos normativos e condutas<br />

positivas ou omissivas do Po<strong>de</strong>r Público,1servindo <strong>de</strong> fonte para a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> qualquer manifestação da Administração contrária a sua plena e total<br />

aplicabilida<strong>de</strong>.12<br />

Importante salientar que a proclamação <strong>constitucional</strong> do princípio da eficiência preten<strong>de</strong><br />

solucionar, principalmente, o clássico <strong>de</strong>feito da administração pública na prestação<br />

dos serviços públicos e do Po<strong>de</strong>r Judiciário em analisar a eficiência da administração.3<br />

1 Alexan<strong>de</strong>r Hamilton, in T h e f e d e r a lis t, <strong>de</strong>nominava essa supremacia <strong>constitucional</strong> como s u p e r io r o b lig a t io n<br />

a n d v a lid it y ( “vinculação mais forte” ).<br />

2 Cf. nesse sentido: QUEIROZ, Cristina M. M. O s a c t o s p o lít ic o s n o e s ta d o d e d ir e it o . Coimbra: Almedina, 1990.<br />

p. 201.<br />

3 Tal dificulda<strong>de</strong>, que a nosso ver não mais se justifica em virtu<strong>de</strong> da alteração <strong>constitucional</strong>, verifica-se na<br />

seguinte <strong>de</strong>cisão do Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça: “ Restrito ao exame da legalida<strong>de</strong> do ato, não é permitida a<br />

perquirição judicial sobre a conveniência, oportunida<strong>de</strong>, eficiência ou justiça do ato, nessas hipóteses, emitindo-se

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!