17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Tutela Constitucional das Liberda<strong>de</strong>s 165<br />

dominante a jurisprudência no sentido <strong>de</strong> que a indicação errônea da autorida<strong>de</strong> coatora<br />

afetará uma das condições da ação (legitimado ad causam), acarretando, portanto, a extinção<br />

do processo, sem julgamento <strong>de</strong> mérito,1salvo “se aquela pertence à mesma pessoa<br />

jurídica <strong>de</strong> <strong>direito</strong> público; porquanto, nesse caso não se altera a polarização processual,<br />

o que preserva a condição da ação”.12<br />

A Lei na 12.016/09 consi<strong>de</strong>ra autorida<strong>de</strong> coatora aquela que tenha praticado o ato<br />

impugnado ou da qual emane a or<strong>de</strong>m para a sua prática.<br />

Reafirme-se que a pessoa jurídica <strong>de</strong> <strong>direito</strong> público sempre será parte legítima para<br />

integrar a li<strong>de</strong> em qualquer fase, pois suportará o ônus da <strong>de</strong>cisão proferida em se<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

mandado <strong>de</strong> segurança.3<br />

A doutrina, porém, não é unânime em relação ao posicionamento jurispru<strong>de</strong>ncial,<br />

ora também enten<strong>de</strong>ndo que sujeito passivo seria a pessoa jurídica <strong>de</strong> <strong>direito</strong> público que<br />

suportará os efeitos da possível concessão do writ,4 ora que os sujeitos passivos, em litisconsórcio<br />

necessário, seriam a autorida<strong>de</strong> coatora e a pessoa jurídica <strong>de</strong> <strong>direito</strong> público.5<br />

Po<strong>de</strong>rão ser sujeitos passivos do mandado <strong>de</strong> segurança os praticantes <strong>de</strong> atos ou<br />

omissões revestidos <strong>de</strong> força jurídica especial e componentes <strong>de</strong> qualquer dos Po<strong>de</strong>res<br />

da União, Estados e Municípios, <strong>de</strong> autarquias, <strong>de</strong> empresas públicas e socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

economia mista exercentes <strong>de</strong> serviços públicos e, ainda, <strong>de</strong> pessoas naturais ou jurídicas<br />

<strong>de</strong> <strong>direito</strong> privado com funções <strong>de</strong>legadas do Po<strong>de</strong>r Público,6 como ocorre em relação às<br />

concessionárias <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública.7<br />

Nesse sentido, expressamente a Lei n2 12.016/09 equiparou às autorida<strong>de</strong>s, para<br />

fins <strong>de</strong> mandado <strong>de</strong> segurança, os representantes ou órgãos <strong>de</strong> partidos políticos e os administradores<br />

<strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s autárquicas, bem como os dirigentes <strong>de</strong> pessoas jurídicas ou<br />

as pessoas naturais no exercício <strong>de</strong> atribuições do po<strong>de</strong>r público, somente no que disser<br />

respeito a essas atribuições.<br />

1 STJ, 2a T., A gR g no REsp 1400114/PB, Rei. Min. Humberto M artins,DJe 25-10-2013; STJ, 1“ T , RM S30561/<br />

G O , R ei. M in. Teori Zavascki, DJe 20-9-2012; STJ - I a T. - Rec. Esp. nD55.947-2-DF - R ei. M in. M ilton Luiz<br />

Pereira;j. 30-8-95; v.u., ementa - Ementário A A S P n ° 1971, 2 a 8 out. 1995, p. 79-e.<br />

2 STJ, 2a T., AgR g no RM S 39688/PB, Rei. M in. Mauro Campbell, DJe 27-9-2013; STJ, 2 » T., A gR g no RM S n«<br />

35.638/ M A, ReL Min. Herman Benjamim, D J 12-4-2012.<br />

3 S TJ-R esp . n a 135.988/CE - Rei. M in. José Delgado, Diário da Justiça, Seção I, 6 out. 1997, p. 49.904.<br />

4 FERRAZ, Sérgio. Mandado <strong>de</strong> segurança... Op. cit. p. 42; BASTOS, Celso; M ARTINS, Ives Gandra da Silva.<br />

Op. cit. p. 340. v. 2.<br />

5 FIGUEIREDO, Lúcia Valle. A autorida<strong>de</strong> coatora e osujeito passivo do mandado <strong>de</strong> segurança. São Paulo:<br />

Revista dos Tribunais, 1991. p. 33.<br />

6 Súmula/STF n ° 510: Praticado o ato p o r autorida<strong>de</strong>, no exercício <strong>de</strong> competência <strong>de</strong>legada, contra ela cabe<br />

o mandado <strong>de</strong> segurança ou m edida judicial.<br />

7 Conform e <strong>de</strong>cidiu o Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça, “A lei po<strong>de</strong> atribuir a pessoa ju rídica <strong>de</strong> D ireito Privado<br />

certas funções próprias do Po<strong>de</strong>r Público. Foi o que se <strong>de</strong>u quando a CLT atribuiu à Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral<br />

a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrecadação e distribuição da Contribuição Sindical. A gin do como Po<strong>de</strong>r Público, a CEF é parte<br />

passiva legítim a no mandado <strong>de</strong> segurança” (STJ - I a T. Resp. n° 63.580/DF - Rei. Min. César Asfor Rocha, Diário<br />

da Justiça, Seção I, 6 out. 1997, p. 49.879). Nesse mesmo sentido: S T J - I a Seção; Confl. <strong>de</strong> Comp. nQ14.974-<br />

PE; Rei. Min. M ilton Luiz Pereira; j. 10-10-1995; v.u.; em enta -Ementário AASPn0 1971, p. 78-e. Na doutrina:<br />

MEIRELLES, H e ly Lopes. Mandado <strong>de</strong> segurança... Op. cit. p. 11; TEMER, M ich el.Elementos... Op. cit. p. 177.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!