17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Organização dos Po<strong>de</strong>res e do Ministério Público 5 3 9<br />

os cidadãos <strong>de</strong> seus <strong>direito</strong>s; ou mesmo, a <strong>de</strong>mora administrativa na implementação dos<br />

diversos <strong>direito</strong>s sociais.<br />

O problema, portanto, é estrutural e conjuntural, e não somente do Po<strong>de</strong>r Judiciário,<br />

que, por sua vez, <strong>de</strong>ve, obrigatoriamente, mo<strong>de</strong>rnizar a prestação da ativida<strong>de</strong> jurisdicional,<br />

adaptando-se aos novos tempos sem per<strong>de</strong>r sua autonomia, pois como salientado por<br />

José Renato Nalini, “se o povo for <strong>de</strong>spertado para a importância <strong>de</strong> um Judiciário forte e<br />

eficiente, será ele o primeiro a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o juiz contra reformas castradoras”.1<br />

A mo<strong>de</strong>rnização, porém, não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somente do próprio Po<strong>de</strong>r Judiciário. A mo<strong>de</strong>rnização,<br />

também, é legislativa. Não é possível a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tecnicismos exagerados,<br />

processos protelatórios e procedimentos morosos. A mo<strong>de</strong>rnização, também, é executiva.<br />

É necessário dotar o Po<strong>de</strong>r Judiciário da infraestrutura a<strong>de</strong>quada para o exercício <strong>de</strong> suas<br />

funções, no sentido <strong>de</strong> efetivação da Justiça e Cidadania, garantindo a necessária in<strong>de</strong>pendência<br />

e autonomia <strong>de</strong> seus membros, auxiliando em sua mo<strong>de</strong>rnização e informatização,<br />

o que possibilitará maior celerida<strong>de</strong> processual.<br />

Necessária a reestruturação, porém, inadmissível qualquer forma <strong>de</strong> intervenção<br />

na autonomia financeira, administrativa e funcional do Po<strong>de</strong>r Judiciário, bem como nas<br />

garantias <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência e imparcialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus membros; pois auxílio entre os três<br />

Po<strong>de</strong>res é necessário e Republicano, intromissão é perigosa e anti<strong>de</strong>mocrática.12<br />

B .<br />

Le g isla çã o Com parada<br />

A Reforma do Po<strong>de</strong>r Judiciário <strong>de</strong>ve ser analisada sob o aspecto <strong>de</strong> reestruturação<br />

do Po<strong>de</strong>r Público, afastando-se preconceitos, afastando-se questões menores e, principal<br />

mente, afastando-se conceitos erroneamente importados, que passam a ser tratados como<br />

verda<strong>de</strong>s absolutas no cenário político brasileiro.<br />

Diferentemente do <strong>de</strong>fendido por muitos, não <strong>de</strong>ve existir verda<strong>de</strong>iro complexo <strong>de</strong><br />

inferiorida<strong>de</strong> institucional no Brasil, pela, até então, inexistência <strong>de</strong> um órgão <strong>de</strong> controle<br />

central do Po<strong>de</strong>r Judiciário, seja porque nos diversos países <strong>de</strong>mocráticos não se encontram<br />

órgãos com tanta ingerência na função jurisdicional que possam abalar a in<strong>de</strong>pendência<br />

e autonomia dos juizes, seja porque a realida<strong>de</strong> dos países que passaram, após a Segunda<br />

Gran<strong>de</strong> Guerra, a adotar Conselhos Nacionais da Magistratura, é muito diversa da realida<strong>de</strong><br />

nacional, a começar pelo regime <strong>de</strong> governo adotado.<br />

Os países europeus que adotaram fórmulas semelhantes <strong>de</strong> Conselhos Nacionais <strong>de</strong><br />

Justiça são parlamentaristas ou semipresi<strong>de</strong>ncialistas, como no caso da Franca3 e Portu­<br />

1 N A L IN I, José Renato, Lições <strong>de</strong> uma pesquisa. Revista da Escola Paulista <strong>de</strong> Magistratura, ano 1, n“ 3, p. 175,<br />

maio/out. 1997.<br />

2 Em <strong>de</strong>fesa da autonomia do Judiciário, enquanto agentes políticos governantes (COM PARATO, Fábio Kon<strong>de</strong>r.<br />

Porque uma escola <strong>de</strong> go vern a Revista da Escola Paulista <strong>de</strong> Magistratura, ano 1, n °3 , p. 169, maio/out. 1997).<br />

3 PARODI, Jean-Luc. Proportionnalisation périodique, cohabitation, atomisation partisane: un triple défi pour<br />

le régim e semi-prési<strong>de</strong>ntiel <strong>de</strong> la cinquième republique. RevueFrançaise <strong>de</strong> SciencePolitique, Paris, na3 e 4, v. 47,<br />

p. 292 ss,jul./ago. 1997: G O NDOUIN .G eneviève. Escritos sobre a França e o regim e presi<strong>de</strong>ncial. Revue d u Droit<br />

Public et <strong>de</strong>la Science Politique en France et à 1’Etranger, Paris, Librairie G énérale <strong>de</strong> D roit et <strong>de</strong> Jurispru<strong>de</strong>nce,<br />

n“ 2, p. 321, mar./abr. 1998; VIRGÍLIO, A ldo di. Semipresi<strong>de</strong>nzialismo e doppio turno nella Quinta Repubblica<br />

francese; un m o<strong>de</strong>lo di successo. In; G AM BINO, Silvio (C o o rd .). Forme di governo e sistemi elettorali. Pádua;<br />

Cedam, 1995. p. 331; CHANTEBOUR, Bernard. Droit constitutionnel et Science politique. 17. ed. Paris; Armand

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!