17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

7 5 2 Direito Constitucional • Moraes<br />

Ressalte-se, porém, que atos estatais <strong>de</strong> efeitos concretos não se submetem, em se<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> controle concentrado, à jurisdição <strong>constitucional</strong> abstrata, por ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

normativa no conteúdo <strong>de</strong> seu preceito.1<br />

Dessa forma, conforme <strong>de</strong>cidiu o Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral,<br />

“a ação direta <strong>de</strong> in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong> não constitui sucedâneo da ação popular<br />

<strong>constitucional</strong>, <strong>de</strong>stinada, esta sim, a preservar, em função <strong>de</strong> seu amplo espectro<br />

<strong>de</strong> atuação jurídico-processual, a intangibilida<strong>de</strong> do patrimônio público e a integrida<strong>de</strong><br />

da moralida<strong>de</strong> administrativa (CF, art. 5a, LXXIII). A jurisprudência do<br />

Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral tem ressaltado que atos estatais <strong>de</strong> efeitos concretos não<br />

se expõem, em se<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação direta, à jurisdição <strong>constitucional</strong> abstrata da Corte”.12<br />

Ressalte-se, ainda, que a lei que veicular matéria estranha ao enunciado constante<br />

<strong>de</strong> sua ementa, por só esse motivo, não ofen<strong>de</strong> qualquer postulado <strong>constitucional</strong>, não<br />

vulnerando tampouco as regras <strong>de</strong> processo legislativo <strong>constitucional</strong>, pelo que excluída<br />

da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong>.3<br />

A Súmula, porque não apresenta as características <strong>de</strong> ato normativo, também está<br />

excluída da jurisdição <strong>constitucional</strong> concentrada.4<br />

Igualmente, não existe possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle concentrado <strong>de</strong> <strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> respostas do Tribunal Superior Eleitoral às consultas que lhe forem feitas em tese por<br />

autorida<strong>de</strong> com jurisdição fe<strong>de</strong>ral ou órgão nacional <strong>de</strong> partido político, nos termos do<br />

art. 23, XII, do Código Eleitoral, pois “trata-se <strong>de</strong> ato sem qualquer eficácia vinculativa<br />

aos <strong>de</strong>mais órgãos do Po<strong>de</strong>r Judiciário”,5 o que não impe<strong>de</strong>, excepcionalmente, o controle<br />

concentrado <strong>de</strong> resoluções do TSE que possuam caráter normativo e geral, como, por<br />

exemplo, a Resolução na 21.702/04, cuja finalida<strong>de</strong> foi aplicar a todos os Municípios brasileiros<br />

a fórmula matemática criada pelo Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral (Rextr. na 197917/<br />

SP), com base no requisito <strong>constitucional</strong> da proporcionalida<strong>de</strong>, para <strong>de</strong>finição do número<br />

<strong>de</strong> vereadores por Município.6<br />

1 ST F - Pleno - Adin n2 769/M A - m edida lim inar - Rei. M in. C elso <strong>de</strong> M ello; R T J 1 5 4 /4 3 2 ; S T F - Pleno - Adin<br />

n2 2 .1 0 0 -l/R S - Rei. Min. N éri d a S ilv e ira - Rei. p ara o acórdão M in. N elson Jo b im - D i á r i o d a J u s tiç a , S eção I,<br />

l 2ju n . 2001, p. 76 (em relação a n o rm as concretas p resen tes n a Lei <strong>de</strong> D iretrizes O rçam entárias).<br />

2 STF - Pleno - Adin ns 769/M A - m edida cautelar - Rei. M in C elso <strong>de</strong> M ello, D iá r io d a J u s tiç a , S eção I, 8<br />

abr. 1994, p. 7.224.<br />

3 ST F - P len o - Adin n ° 1.096-4 - m e d id a lim inar - Rei. Min. C elso <strong>de</strong> M ello, D i á r i o d a J u s tiç a , S eção I, 22<br />

set. 1995, p. 3 0 .5 8 9 .<br />

4 ST F - Pleno - Adin n ° 5 9 4 /D F - m edida cautelar - Rei. M in. C arlos Velloso.<br />

s N esse sentido <strong>de</strong>cidiu o Suprem o T ribun al Fe<strong>de</strong>ral, ao afirm ar que “N ão se conhece <strong>de</strong> ação direta aju izad a<br />

contra resposta do TSE à consulta prevista no art. 23, inciso XII, do Código Eleitoral por tratar-se <strong>de</strong> ato <strong>de</strong> caráter<br />

adm inistrativo, sem eficácia vinculativa, insusceptível <strong>de</strong> controle abstrato <strong>de</strong> con stitucion alida<strong>de</strong>. Com esse<br />

fundam ento, o Tribunal n ão conh eceu em p a rte <strong>de</strong> ação d ire ta <strong>de</strong> in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong> aju izad a por diversos<br />

partidos p olíticos-P D T , PE, PC do B e P L - n o ponto em que im pugnou as Resoluções n“ 1 9 .9 5 2 ,1 9 .9 5 3 ,1 9 .9 5 4 ,<br />

1 9 .9 5 5 , to d as <strong>de</strong> 1997, do TSE, que respon <strong>de</strong>ram a consulta sobre a n ecessidad e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sincom patibilização do<br />

Presi<strong>de</strong>nte d a República, G overnadores e Prefeitos, can didatos à reeleição. ADInMC 1.805-D F, Rei. Min. Néri<br />

da Silveira, 26-3-98” I n f o r m a t iv o STF n2 104, c a p a ).<br />

6 STF - Pleno - Adin n ° 3345/D F e Adin n ° 3365/D F , Rei. Min. C elso <strong>de</strong> M ello, <strong>de</strong>cisão: 2 5 -8 -2 0 0 5 - I n f o r m a ­<br />

t iv o STF n ° 398, p. 1. Inclusive, o T ribun al reconheceu que n essas hipóteses n ão h á im pedim ento ou suspeição

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!