17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

2 4 0 Direito Constitucional • Moraes<br />

“as palavras sufrágio e voto são empregadas comumente como sinônimos. A Constituição,<br />

no entanto, dá-lhes sentidos diferentes, especialmente, no seu artigo 14,<br />

por on<strong>de</strong> se vê que o sufrágio é universal e o voto é direto e secreto e tem valor igual.<br />

A palavra voto é empregada em outros dispositivos, exprimindo a vonta<strong>de</strong> num<br />

processo <strong>de</strong>cisório. Escrutínio é outro termo com que se confun<strong>de</strong>m as palavras<br />

sufrágio e voto. É que os três se inserem no processo <strong>de</strong> participação do povo no<br />

governo, expressando: um, o <strong>direito</strong> (sufrágio), outro, o seu exercício (o voto), e<br />

o outro, o modo <strong>de</strong> exercício (escrutínio)”.1<br />

O s iífrágio “ é um <strong>direito</strong> público subjetivo <strong>de</strong> natureza política, que tem o cidadão <strong>de</strong><br />

eleger, ser eleito e <strong>de</strong> participar da organização e da ativida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r estatal”.<br />

Dessa forma, por meio do sufrágio o conjunto <strong>de</strong> cidadãos <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado Estado<br />

escolherá as pessoas que irão exercer as funções estatais, mediante o sistema representativo<br />

existente em um regime <strong>de</strong>mocrático.<br />

3.2 Classificação<br />

A doutrina classifica o sufrágio, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua abrangência, em universal ou<br />

restrito (qualificativo).<br />

O sufrágio é universal quando o <strong>direito</strong> <strong>de</strong> votar é concedido a todos os nacionais,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> fixação <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> nascimento, econômicas, culturais12 ou<br />

outras condições especiais, não pa<strong>de</strong>cendo, como relembra Pedro Henrique Távora Niess,<br />

“do mal da discriminação, pois é conferido pela Constituição brasileira in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>de</strong> solicitação econômica, qualificação pessoal ou qualquer outra exigência,<br />

não obstante condicionado ao preenchimento <strong>de</strong> certos requisitos, como<br />

é necessário”.<br />

Ressalte-se que a existência <strong>de</strong> requisitos <strong>de</strong> forma (necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alistamento eleitoral)<br />

e fundo (nacionalida<strong>de</strong>, ida<strong>de</strong> mínima, por exemplo), não retiram a universalida<strong>de</strong><br />

do sufrágio.<br />

O sufrágio, por outro lado, será restrito quando o <strong>direito</strong> <strong>de</strong> voto é concedido em<br />

virtu<strong>de</strong> da presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas condições especiais possuídas por alguns nacionais.<br />

O sufrágio restrito po<strong>de</strong>rá ser censitário, quando o nacional tiver que preencher qualificação<br />

econômica3 (renda, bens etc.), ou capacitário, quando necessitar apresentar alguma<br />

característica especial (natureza intelectual, por exemplo).<br />

1 SILVA, José Afonso. Curso... O p. d t p. 309.<br />

2 N ã o foi com a CF/88 q u e os analfabetos adquiriram o <strong>direito</strong> <strong>de</strong> eleger seus representantes. Com a Emenda<br />

Constitucional nQ25, <strong>de</strong> 15-5-1985, os analfabetos passaram a ter acesso, em bora lim itado, à cidadania. Pu<strong>de</strong>ram<br />

alistar-se com o eleitores em qualquer eleição, e, nessa condição, passaram a exercer o <strong>direito</strong> <strong>de</strong> sufrágio, através<br />

do voto. Os analfabetos, contudo, permaneceram privados da capacida<strong>de</strong> eleitoral passiva, o que significa que<br />

não po<strong>de</strong>ríam disputar qualquer cargo eletivo.<br />

3 Por exemplo: CF/1891, art. 70, § 1°, item 1; CF/1934, art. 108, parágrafo único, c: expressamente excluíam<br />

os mendigos do <strong>direito</strong> d e sufrágio.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!