17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

708 Direito Constitucional • Moraes<br />

Assim, no Pretório Excelso já encontra-se pacificada a plena e legítima possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> disciplinar matéria <strong>de</strong> natureza tributária por meio <strong>de</strong> medidas provisórias, que por<br />

previsão <strong>constitucional</strong> têm força <strong>de</strong> lei.1<br />

A Emenda Constitucional n12 32/01, seguindo essa orientação do STF, <strong>de</strong>terminou<br />

possível a edição <strong>de</strong> medidas provisórias para instituição ou majoração <strong>de</strong> impostos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que respeitado o princípio da anteriorida<strong>de</strong>.<br />

Observe-se, porém, que a atual redação do § 2a, do art. 62, representou gran<strong>de</strong> avanço<br />

em relação à posição jurispru<strong>de</strong>ncial anterior, pois, enquanto o STF entendia satisfeito o<br />

princípio da anteriorida<strong>de</strong> tributária <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a primeira medida provisória que tratasse<br />

da instituição ou majoração <strong>de</strong> impostos tivesse sido editada no exercício financeiro anterior,<br />

a redação dada pela Emenda Constitucional nQ32/01 exige que a medida provisória<br />

tenha sido convertida em lei até o último dia do exercício financeiro anterior, para que<br />

possa produzir efeitos.<br />

Além disso, em respeito ao princípio da segurança jurídica e receando repetição <strong>de</strong><br />

absurdos planos econômicos, a Constituição passou a vedar a edição <strong>de</strong> medidas provisórias<br />

que visem à <strong>de</strong>tenção ou sequestro <strong>de</strong> bens, <strong>de</strong> poupança popular ou qualquer outro<br />

ativo financeiro.<br />

Ainda, vedou-se a edição <strong>de</strong> medidas provisórias sobre matéria já disciplinada em projeto<br />

<strong>de</strong> lei aprovado pelo Congresso Nacional e pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> sanção ou veto do Presi<strong>de</strong>nte<br />

da República, hipótese que consistiría em flagrante <strong>de</strong>srespeito à Separação <strong>de</strong> Po<strong>de</strong>res.<br />

No tocante à edição <strong>de</strong> medida provisória em matéria reservada à lei complementar,<br />

parece-nos que assiste razão a Marcelo Figueiredo2 e Leon Frejda Szklarowsky,3 que afirmam<br />

a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta hipótese, uma vez que o legislador constituinte originário<br />

expressamente estabeleceu uma reserva <strong>de</strong> competência à edição <strong>de</strong> lei complementar,<br />

a ser <strong>de</strong>liberada por maioria absoluta dos membros <strong>de</strong> ambas as Casas Legislativas, incompatível,<br />

pois, com a unipessoalida<strong>de</strong> na edição das medidas provisórias.4 Além disso,<br />

como afirma Marco Aurélio Greco, o “art. 62 prevê a conversão da medida provisória em<br />

lei e não em lei complementar”.5<br />

Esse entendimento foi consagrado pela Emenda Constitucional na 32/01, que passou<br />

a vedar expressamente a edição <strong>de</strong> medidas provisórias sobre matéria reservada a lei<br />

complementar.<br />

1 S T F - P le n o - A d in n° 1.667-9/DF - medida liminar - Rei. Min. ilm ar G alvão, Diário da Justiça, Seção 1,21<br />

nov. 1997, p. 60.586.<br />

2 Op. cit. p. 35.<br />

3 L eon Frejda Szklarowsky lem bra que “ apenas o Ministro M oreira Alves e o ju iz H u go <strong>de</strong> Brito Machado <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m<br />

a tese <strong>de</strong> que a m edida provisória po<strong>de</strong> veicular m atéria <strong>de</strong> lei complementar” (Op. cit. p. 77).<br />

4 Nesse sentido, o entendimento do Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral: “ Embora válido o argum ento <strong>de</strong> que M.P. não<br />

po<strong>de</strong> tratar <strong>de</strong> m atéria submetida pela Constituição Fe<strong>de</strong>ral a Lei Complementar, é <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar que, no<br />

caso, a Constituição Fe<strong>de</strong>ral não exige Lei Complementar para alterações no Código Florestal, ao menos as concernentes<br />

à Floresta Am azônica” (S T F - P le n o - A d in n e 1.516-8 - m ed id a lim in a r-R eL Min. SydneySanches,<br />

Diário da Justiça, Seção 1 ,13 ago. 1999, p. 3).<br />

5 O p. cit. p. 36.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!