17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Controle <strong>de</strong> Constitucionalida<strong>de</strong> 7 7 9<br />

• SEGUNDA EXCEÇÃO: efeitos a partir <strong>de</strong> qualquer momento escolhido pelo<br />

Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que fixados por 2/3 <strong>de</strong> seus Ministros. Essa<br />

hipótese <strong>de</strong> restrição temporal dos efeitos da <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> inconstitucio<br />

nalida<strong>de</strong> tem limites lógicos que <strong>de</strong>verão ser expressamente previstos pelo<br />

Tribunal, afastando os tradicionais efeitos retroativos (extunc) da <strong>de</strong>claração<br />

<strong>de</strong> in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong>. Note-se que Allan Brewer-Cariás aponta a tendência<br />

contemporânea na América Latina <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> efeitos ex nunc ao controle<br />

concentrado <strong>de</strong> <strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong>, em face das inúmeras repercussões fáticas<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lei ou ato normativo,<br />

afirmando que “o princípio geral em relação aos efeitos temporais das <strong>de</strong>cisões<br />

adotadas em matéria <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> <strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong> das leis, é que essas<br />

têm efeitos gerais, erga omnes, dado seu caráter anulatório, então somente tem<br />

efeitos constitutivos, ex nunc, pro futuro; é dizer, não tem efeitos retroativos”.<br />

O autor aponta nesse sentido: Panamá, México, Colômbia, Guatemala, Bolívia,<br />

Venezuela, Peru e Equador.1<br />

O Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral admite a prospeção dos efeitos como verda<strong>de</strong>iro “apelo<br />

ao legislador”, que <strong>de</strong>verá, em prazo fixado pela Corte, editar nova norma, que revogará<br />

aquela <strong>de</strong>clarada in<strong>constitucional</strong>, mas cuja vigência foi mantida pela modulação dos<br />

efeitos <strong>de</strong>terminada por 2/3 dos Ministros do Tribunal (.“in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong> sem pronúncia<br />

<strong>de</strong> nulida<strong>de</strong>”).<br />

Trata-se <strong>de</strong> opção interpretativa excepcional fundada em razões <strong>de</strong> segurança jurídica<br />

e interesse social, cuja finalida<strong>de</strong> é evitar a ocorrência <strong>de</strong> maiores danos sociais com a retroativida<strong>de</strong><br />

da <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong>. Conforme ensina o Ministro Gilmar<br />

Men<strong>de</strong>s, “razões <strong>de</strong> segurança jurídica po<strong>de</strong>m obstar à revisão do ato praticado com base<br />

na lei <strong>de</strong>clarada in<strong>constitucional</strong>. Nessas hipóteses, avalia-se, igualmente, que, tendo em<br />

vista razões <strong>de</strong> segurança jurídica, a supressão da norma po<strong>de</strong>rá ser mais danosa para o<br />

sistema do que a sua preservação temporária. Não há negar, a<strong>de</strong>mais, que aceita a i<strong>de</strong>ia<br />

da situação ‘ainda <strong>constitucional</strong>’, <strong>de</strong>verá o Tribunal, se tiver que <strong>de</strong>clarar a in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong><br />

da norma, em outro momento, fazê-lo com eficácia restritiva ou limitada”.12<br />

O Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, em se<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação direta, vem aplicando costumeiramente<br />

essa modulação, tendo <strong>de</strong>clarado a in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong> sem pronúncia <strong>de</strong> nulida<strong>de</strong> da<br />

lei impugnada, com a consequente <strong>de</strong>claração do Congresso Nacional em mora e fixando<br />

prazo <strong>de</strong> manutenção da vigência e eficácia da lei <strong>de</strong>clarada in<strong>constitucional</strong> (efeitos pro<br />

futuro),3 ora <strong>de</strong> 60 dias, ora <strong>de</strong> 18 ou 24 meses, para que a situação legal pu<strong>de</strong>sse ser regularizada.4<br />

Conforme ainda salientado pelo Ministro Gilmar Men<strong>de</strong>s, “o que importa assinalar<br />

é que, segundo a interpretação aqui preconizada, o princípio da nulida<strong>de</strong> somente há<br />

<strong>de</strong> ser afastado se se pu<strong>de</strong>r <strong>de</strong>monstrar, com base numa pon<strong>de</strong>ração concreta, q ue a <strong>de</strong>claração<br />

<strong>de</strong> in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong> ortodoxa envolvería o sacrifício da segurança jurídica ou<br />

1 GARCIA BELAUNDE, Domingo; FERNANDEZ SEGADO, Francisco. La jurisdicción <strong>constitucional</strong> en Iberoamerica.<br />

Madri: Dykinson, 1997. p. 156.<br />

2 STF-AC 189/SP-Rel. Min. Gilmar Men<strong>de</strong>s, Diário da Justiça, Seção 1,15 abr. 2004,p. 14.<br />

3 STF - Pleno - ADI n2 3.458/GO - Rei. Min. Eros Grau, <strong>de</strong>cisão: 21-2-2008.<br />

4 STF - Pleno - ADI n“ 2.240/BA - Rei. Min. Eros Grau, <strong>de</strong>cisão: 9-5-2007. Informativo STF n° 466; STF- Pleno<br />

- ADI n° 3.316/MT e ADI 3.689/PA - Rei. Min. Eros Grau, <strong>de</strong>cisão: 9-5-2007.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!