17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

170 Direito Constitucional • Moraes<br />

Assim, apesar <strong>de</strong> não <strong>de</strong>clarar a in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong> da referida medida provisória,<br />

por reconhecer que a liminar não é um <strong>direito</strong> <strong>constitucional</strong>, mas uma garantia legal<br />

do juízo, o Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral expressamente autorizou que cada juiz, perante o<br />

caso concreto, realizasse o controle difuso <strong>de</strong> <strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong>, e conce<strong>de</strong>sse ou não a<br />

liminar, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da proibição da medida provisória.1<br />

Os Ministros Paulo Brossard e Celso <strong>de</strong> Mello enten<strong>de</strong>ram que a medida provisória<br />

estaria eivada <strong>de</strong> in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong>, inclusive em relação à supressão das liminares<br />

do mandado <strong>de</strong> segurança, pois que retiram sua força do próprio texto <strong>constitucional</strong>.<br />

Posteriormente, em novo julgamento o Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral suspen<strong>de</strong>u limi<br />

narmente diversos artigos da Medida Provisória n° 375, em face <strong>de</strong> in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong>,<br />

afirmando que a limitação à concessão <strong>de</strong> medidas liminares pelo Po<strong>de</strong>r Judiciário é<br />

incompatível com a Constituição.12<br />

Nesse julgamento, o Pleno do Pretório Excelso concluiu que a vedação à concessão<br />

<strong>de</strong> liminares “obstrui o serviço da Justiça, criando obstáculos à obtenção da prestação<br />

jurisdicional e atentando contra a separação dos po<strong>de</strong>res, porque sujeita o Judiciário ao<br />

Po<strong>de</strong>r Executivo”.3<br />

Enten<strong>de</strong>mos que, presentes os requisitos ensejadores da medida liminar em se<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

mandado <strong>de</strong> segurança, a concessão da medida liminar será ínsita à finalida<strong>de</strong> <strong>constitucional</strong><br />

<strong>de</strong> proteção ao <strong>direito</strong> líquido e certo, sendo qualquer proibição por ato normativo<br />

eivada <strong>de</strong> absoluta in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong>, uma vez que se restringiría a eficácia do remédio<br />

<strong>constitucional</strong>, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong>sprotegido o <strong>direito</strong> líquido e certo do impetrante.<br />

Dessa forma, na eventualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> edição <strong>de</strong> leis ou atos normativos que proíbam ou<br />

reduzam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> liminares em se<strong>de</strong> <strong>de</strong> mandado <strong>de</strong> segurança,<br />

po<strong>de</strong>rá o juiz afastar, difusamente, a incidência daquelas espécies normativas por in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong>,<br />

e conce<strong>de</strong>r a necessária medida.4<br />

Nesses mesmos termos o Po<strong>de</strong>r Judiciário <strong>de</strong>verá nos mandados <strong>de</strong> segurança coletivos,<br />

nas hipóteses em que a redução na concessão <strong>de</strong> medida liminar inaudita altera partes pelo<br />

§ 2Qdo art. 22 da Lei nQ12.016/09 (art. 22, § 2Q- “no mandado <strong>de</strong> segurança coletivo,<br />

a liminar só po<strong>de</strong>rá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa<br />

jurídica <strong>de</strong> <strong>direito</strong> público, que <strong>de</strong>verá se pronunciar no prazo <strong>de</strong> 72 (setenta e duas)<br />

horas”) criar obstáculo à prestação jurisdicional e à <strong>de</strong>fesa do <strong>direito</strong> líquido e certo do<br />

impetrante, afastar, difusamente, a incidência da norma para o caso concreto, <strong>de</strong>clarando<br />

sua in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong>.5<br />

1 VIEIRA, O scar Vilhena. Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral: jurisprudência política. São Paulo: Revista dos Tribunais,<br />

1994. p. 144.<br />

2 RAMOS, Elival Silva. A in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong> das leis. São Paulo: Saraiva, 1994.<br />

3 STF - Pleno - Adin n ° 975-3- m e d id a lim inar - Rei. Min. Carlos Velloso, D iário da Justiça, Seção I, 20 jun.<br />

1997, p. 28.467.<br />

4 Enten<strong>de</strong>m os q u e isso se rá p ossível em relação ao § 2a, do art. 7°, da L ei nc 12.016/09, que estabelece: “Não<br />

será concedida m edida lim inar que tenha p or objeto a compensação <strong>de</strong> créditos tributários, a entrega <strong>de</strong> m ercadorias<br />

e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação <strong>de</strong> servidores públicos e a concessão<br />

d e aum ento ou a exten são d e v an tagen s ou pagam ento <strong>de</strong> qualquer natureza.”<br />

5 Conferir n esse sentido: T J/S P - Ó rgão Especial - Agravo Regim ental em Suspensão <strong>de</strong> Segurança n ° 0162636-<br />

3 0 .2 0 1 1 .8 .2 6 .0 0 0 0 - Rei. p / Acórdão Des. R enato N alin i, <strong>de</strong>cisão: l°-9-2011. Cf., ainda: STF - Suspensão <strong>de</strong><br />

Segu ran ça n ° 4 5 0 0 /S P - Rei. Min. Presi<strong>de</strong>nte Cezar Peluso.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!