17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Tutela Constitucional das Liberda<strong>de</strong>s 1 6 1<br />

• ato comissivo ou omissivo <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> praticado pelo Po<strong>de</strong>r Público ou por<br />

particular <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> <strong>de</strong>legação do Po<strong>de</strong>r Público; e, ainda, os representantes<br />

ou órgãos <strong>de</strong> partidos políticos e os administradores <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s autárquicas,<br />

bem como os dirigentes <strong>de</strong> pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercido<br />

<strong>de</strong> atribuições do po<strong>de</strong>r público, somente no que disser respeito a essas<br />

atribuições;<br />

• ilegalida<strong>de</strong> ou abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r;<br />

• lesão ou ameaça <strong>de</strong> lesão;<br />

• caráter subsidiário: proteção ao <strong>direito</strong> líquido e certo não amparado por habeas<br />

corpus ou habeas data. Anote-se, nesse sentido, que o <strong>direito</strong> <strong>de</strong> obter certidões<br />

sobre situações relativas a terceiros, mas <strong>de</strong> interesse do solicitante (CF, art.<br />

5a, XXXTV) ou o <strong>direito</strong> <strong>de</strong> receber certidões objetivas sobre si mesmo, não se<br />

confun<strong>de</strong> com o <strong>direito</strong> <strong>de</strong> obter informações pessoais constantes em entida<strong>de</strong>s<br />

governamentais ou <strong>de</strong> caráter público, sendo o mandado <strong>de</strong> segurança, portanto,<br />

a ação <strong>constitucional</strong> cabível. Portanto, a negativa estatal ao fornecimento<br />

das informações englobadas pelo <strong>direito</strong> <strong>de</strong> certidão configura o <strong>de</strong>srespeito a<br />

um <strong>direito</strong> líquido e certo, por ilegalida<strong>de</strong> ou abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r passível <strong>de</strong> correção<br />

por meio <strong>de</strong> mandado <strong>de</strong> segurança.1<br />

A Lei ne 1.533/51, em seu art. 5a, excluía o cabimento do mandado <strong>de</strong> segurança<br />

em três hipóteses: quando houvesse recurso administrativo com efeito suspensivo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>de</strong> caução; contra <strong>de</strong>cisão judicial ou <strong>de</strong>spacho judicial para o qual haja<br />

recurso processual eficaz, ou possa ser corrigido prontamente por via <strong>de</strong> correição;12 contra<br />

ato disciplinar, a menos que praticado por autorida<strong>de</strong> incompetente ou com inobservância<br />

<strong>de</strong> formalida<strong>de</strong> essencial.<br />

Ocorre que a referida lei <strong>de</strong>via, por óbvio, ser interpretada <strong>de</strong> acordo com a garantia<br />

<strong>constitucional</strong>mente <strong>de</strong>ferida à proteção do <strong>direito</strong> líquido e certo. Portanto, sempre seria<br />

cabível o mandado <strong>de</strong> segurança se as três exceções previstas não forem suficientes para<br />

proteger o <strong>direito</strong> líquido e certo do impetrante. Assim, o particular não estava obrigado<br />

a exaurir a via administrativa para utilizar-se do mandado <strong>de</strong> segurança, pois esse não<br />

estava condicionado ao uso prévio <strong>de</strong> todos os recursos administrativos, uma vez que ao<br />

Judiciário não se po<strong>de</strong> furtar o exame <strong>de</strong> qualquer lesão <strong>de</strong> <strong>direito</strong>.3 Da mesma maneira,<br />

se o recurso administrativo com efeito suspensivo não bastasse para a tutela integral do<br />

<strong>direito</strong> líquido e certo, plenamente cabível o mandado <strong>de</strong> segurança.4 Igualmente, cabia<br />

mandado <strong>de</strong> segurança se o recurso judicial existente não possuísse efeito suspensivo que<br />

1 STJ - 6a T. - RMS ns 5.1951/SP; STJ - 6a T. - RMS n= 3.7355/MG - Rei. Min. Vicente Leal - Nesse sentido:<br />

Ementário STJ, 01/30; 05/35; 05/272; 09/13; 15/203;R T 614/185; 607/280,630/186 629/126. JTJ122/410;<br />

134/538; 148/106. C f. ainda estudo sob re o <strong>direito</strong> <strong>de</strong> certidão: MORAES, Alexandre <strong>de</strong>. Direitos humanos<br />

fundamentais. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 192; 117294/454.<br />

2 Súmula 267 - Não cabe m andado <strong>de</strong> segurança contra ato ju dicial passível <strong>de</strong> recurso ou correição.<br />

3 STF - Rextr. n2 22.212, Rei. Min. Lafayete <strong>de</strong> Andrada, ju lgado 12-5-53.<br />

4 Súmula 429: A Existência <strong>de</strong> recurso administrativo com efeito suspensivo não im pe<strong>de</strong> o uso do mandado<br />

<strong>de</strong> segurança contra omissão da autorida<strong>de</strong>.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!