17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

5 1 4 Direito Constitucional • Moraes<br />

176; Barbalho, Constituição Fe<strong>de</strong>ral brasileira, 1902, p. 100 e 240; Felinto Bastos,<br />

Manual do <strong>direito</strong> público e <strong>constitucional</strong>, 1914, p. 395; Maximiliano, Comentários,<br />

1929, n—391, p. 643, na 282; p. 398-9, nota 5; na455, p. 796; Lacerda, Princípios<br />

do <strong>direito</strong> <strong>constitucional</strong>, 1929, II, na 631, p. 470; Hely Lopes Meirelles, Direito<br />

municipal brasileiro, 1964, II, 566 e 567.<br />

É que o Senado, quando julga o Presi<strong>de</strong>nte da República, não proce<strong>de</strong> como órgão<br />

legislativo, mas como órgão judicial, exercendo jurisdição recebida da constituição,<br />

e <strong>de</strong> cujas <strong>de</strong>cisões não há recurso para nenhum tribunal.<br />

Isto nada tem <strong>de</strong> inaudito. Da <strong>de</strong>cisão do STF nas infrações penais comuns em<br />

que figure como acusado o Presi<strong>de</strong>nte da República (bem como o Vice-presi<strong>de</strong>nte,<br />

os membros do Congresso, os seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da<br />

República), art. 102,1, a, da CF, também não há recurso algum, nem para outro<br />

tribunal, nem para o Senado.<br />

Por mais eminentes que sejam as atribuições do STF, e o são, ele não é curador do<br />

Senado e sobre ele não exerce curatela. No particular, a constituição traçou, com<br />

niti<strong>de</strong>z matemática, as atribuições privativas do Senado e do Po<strong>de</strong>r Judiciário. Aliás,<br />

penso não ser inoportuno lembrar que o Senado e só o Senado po<strong>de</strong> processar e<br />

julgar os Ministros do STF nos <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>. Os Ministros do STF,<br />

o Procurador-Geral da República e o Advogado Geral da União, art. 52, II, da CF.”<br />

3 .2 .2 Crim es com uns<br />

A Lei na 8.038/90 institui normas procedimentais para os processos em face do Presi<strong>de</strong>nte,<br />

por crimes comuns, perante o Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, complementadas pelo<br />

Regimento Interno do Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral - arts. 230 a 246.<br />

Nos crimes comuns, o Presi<strong>de</strong>nte da República será processado e julgado pelo Supremo<br />

Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong>pois que a Câmara dos Deputados <strong>de</strong>clarar proce<strong>de</strong>nte a acusação (art.<br />

86 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral), exercendo um juízo <strong>de</strong> admissibilida<strong>de</strong> político, conforme já<br />

analisado no caso <strong>de</strong> crimes <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> licença não impe<strong>de</strong> o<br />

inquérito policial, nem tampouco o oferecimento da <strong>de</strong>núncia, porém, apenas impe<strong>de</strong> o seu recebimento,<br />

que é o primeiro ato <strong>de</strong> prosseguimento praticado pelo Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral.1<br />

A abrangência <strong>de</strong>sta prerrogativa <strong>constitucional</strong> <strong>de</strong> foro do Presi<strong>de</strong>nte da República<br />

relaciona-se com a locução “crimes comuns”, prevista no art. 102, inciso I, b e c, da Constituição<br />

Fe<strong>de</strong>ral, cuja <strong>de</strong>finição o Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral já assentou, pacificamente,<br />

abranger todas as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> infrações penais,12 esten<strong>de</strong>ndo-se aos <strong>de</strong>litos eleitorais,3<br />

alcançando, até mesmo, os crimes contra a vida e as próprias contravenções penais.4 É<br />

a mesma posição pacificamente adotada pelo Tribunal Superior Eleitoral, em relação<br />

1 Diário da Justiça n° 69, Seção I, p. 9.223,10 abr. 1995, Rei. Min. Celso <strong>de</strong> M ello Filho.<br />

2 RTJ 33/590, HC 69.344-RJ, ReL Min. Néri da Silveira.<br />

3 RTJ 63/1, Pet. 673-RJ, Rei. Min.Celso <strong>de</strong> M ello; Inq. 496-DF, Rei. Min. lim ar Galvão.<br />

4 RTJ 91/423, Reclamação n°511-9-Paraíba, Rei. M ia Celso <strong>de</strong> M ello, Diário da Justiça n° 202, 24 out. 1994,<br />

p. 28.668.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!